segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Olh’á bolinha com creme!
Depois de um ano de guerra travada com o ginásio, com as dietas e com as calorias guardadas no armário a encolher a nossa roupa, ainda que isso não se tenha concretizado em resultados visíveis a olho nu, eis que chega o momento de fazer reset ao sistema. Só assim será possível angariar a motivação suficiente, aliada a doses massivas de baixa-estima, para retomar todo o processo, logo após o fim das férias.E como é que se consegue esta
proeza em 15 dias? Muito fácil. Para perceberem como, convido-vos a acompanhar-me
durante os próximos minutos, numa viagem de sol, mar e refeições com valor
calórico muito superior ao da DDR (Dose Diária Recomendada).
Tudo começou num belo dia de
manhã em que acordamos e percebemos que temos que enfiar num carro minúsculo
duas malas de viagem gigantescas (cheias de roupa que não sabemos se vamos usar),
uma mochila (com o livro iniciado e não terminado no Verão passado, as 12
últimas edições da National Geographic
e da Engenharia e Vida e uma pasta
com algum trabalho que sei que não irei dar seguimento nas férias), uma mala
com 2 computadores, um guarda-sol, uma cadeira de campismo, um saco de praia
com calçado, um malote com produtos de higiene pessoal (alguns dos quais em
duplicado e triplicado e, ainda assim, faltando o mais básico – o champô), um
par de bicicletas e mais uns quantos sacos cheios de tralha que nem sabemos bem
qual a utilização. Mas, após umas férias onde ficamos restringidos a uma única
mala de 20Kg para cada um, a ressaca tem sobre nós alguns destes efeitos
indesejáveis… Depois de reduzirmos ao máximo possível o índice de vazios da
viatura e de quase termos que respirar fundo e encolher a barriga para lá
cabermos dentro, damos início à nossa jornada, rezando ao Jesus para que a
viagem corra bem. Contudo, sem termos tempo, sequer, para terminar a Avé Maria,
somos interrompidos por um estrondo ensurdecedor e por um puxão que quase
arranca o tejadilho do carro: a passagem das bicicletas não foi autorizada pela
saída da garagem. Meia hora e vinte metros de fita autocolante depois retomamos,
a medo, o nosso trajecto, não sem antes batermos com a
parte de baixo do carro na rampa ao sairmos de casa, dado o peso
excessivo da carga.
1º Episódio: o almoço da viagem
Como se trata do primeiro dia de
férias e ainda se quer dar aquele ar digno de quem não quer deitar logo tudo a
perder no que diz respeito à alimentação, nada melhor do que fazer um desvio de
não-sei-quantos quilómetros para ir comer uma “Sopa da
Pedra” seguida de uma “Carne de Porco à Alentejana” – além de que se prevê dias
seguidos de descomedida gula. Evidentemente que, após o repasto e a sobremesa
típica da região, na defesa da minha moral dietética, solicito ao empregado um
pacotinho de adoçante para pôr no café. Atolada de comida até à garganta,
lá me enfio novamente no carro e é com imensa dificuldade em manter-me acordada
que 100Km depois me apercebo que deixei ficar a máquina fotográfica algures no
restaurante com lotação para 200 pessoas… Valeu-me o facto de ser uma
crente ao acreditar conseguir recuperar o aparelho (e uns amigos que vinham
atrasados) para conseguir dar a esta história um final feliz e evitar um divórcio.
2º Episódio: as
compras
Encher a dispensa para quinze
dias de férias é uma tarefa que normalmente é delegada para a minha metade boa
que o faz com melhor das intenções. Entre iogurtes light e 5 Kg de fruta que irá apodrecer lentamente no cesto, lá
descubro entre os sacos os presuntos, as garrafas de refrigerante, as bolachas
recheadas, as carnes vermelhas e os gelados. Peixinho e legumes, que é bom, nem
vê-los! “Amanhã vamos ao mercado”, diz o maridão. E eu acredito nele até porque
é quem enverga o avental lá em casa e até ao momento não me tem falhado. Olho
para tudo aquilo e penso que irei conseguir resistir e portar-me à altura dos
sacrifícios das últimas semanas, de modo a reservar o espaço para as tão
desejadas bolas com creme. E é então que vejo os vários pacotes de iogurtes
gregos, por que sou absolutamente DOIDA, e percebo que a carne é fraca, sabendo
logo que não irei conseguir resistir a nada daquilo, por muito boa vontade que
tenha.
3º Episódio: o exercício físico
Na altura dos preparativos para
as férias, e como já se verificou noutras alturas, o drama é recorrente e há
sempre alguma coisa que estava dentro da mala que tem de sair para regressar ao
armário. Desta vez foram as sapatilhas e com elas as calças da ginástica, as
meias e as t-shirts. Poupei imenso peso na mala, mas rapidamente o ganhei na
consciência e, posteriormente, nos abdominais e coxas. Sem as sapatilhas não
pude fazer as minhas tão desejadas corridas (que no ano anterior se resumiram a
dois únicos acontecimentos), que me permitiriam compensar as bolas de Berlim, e
o exercício ficou-se apenas pelas caminhadas diárias de 30 minutos na praia, às subidas e descidas da interminável escadaria que nos leva à praia e a algumas curtíssimas
viagens de bicicleta à zona balnear vizinha - mas convenhamos que pedalar de
chinela e de pareo não é assim aquela
coisa, mesmo que se queira muito. Ainda por cima a água está absolutamente
gelada, o sol está absolutamente tórrido e qualquer tentativa de exercício
dentro ou fora de água é absolutamente inegociável.
4º Episódio: os gelados do demónio
Ainda que a intenção seja dar
exclusividade às bolinhas doces, férias não serão, jamais, férias se não forem
aconchegadas com, pelo menos, um gelado diário - principalmente quando vamos
para um local onde são vendidos os nossos gelados favoritos e quando um desses
sítios está localizado precisamente no rés-do-chão do prédio que será a nossa
morada durante duas semanas. Duas bolas de diferentes sabores (uma nos dias em
que se come bolinha com creme), com crepe, com waffle, simples ou em cone, lá vai ficando a nossa alma mais
iluminada no momento em que adquirimos este filho do diabo – e mais carregada
também nas noites mais frias em que sentimos a necessidade de vestir umas
calças e elas parecem ter sido lavadas a quente.
5º Episódio: finalmente as bolinhas com creme
Toda a gente sabe que,
independentemente do nosso peso, das nossas ambições com ele relacionadas e da
nossa capacidade resistente, não é fisicamente possível lutar contra as bolas
de Berlim na praia e sair vencedor. Assim sendo, vai-se de férias logo a saber
que esta é uma guerra perdida e que nem vale a pena guardar a ilusão de que nos
vamos conseguir conter. E quando estamos numa praia onde, de cinco em cinco
minutos, nos aparece um brasileiro com uma t-shirt a dizer “Delícia, delícia”
na parte da frente e “Assim você me mata” atrás, com uma buzina e a gritar bem
alto “Bólinhá com crêmi, bólinhá seim crêmi e crêmi seim bólinhá” então a única
coisa a que vamos conseguir resistir será em comer mais do que uma por dia.
Este ano foi menos mal porque, aparentemente, o creme é proibido nesta praia
(pelo menos para alguns vendedores) sendo que lá foi possível alguma poupança
energética, já que se estava a prescindir do doce amarelo, qual sorriso no bolo
que nos hipnotiza e nos atrai para o seu consumo. E quase que a coisa nem corre
assim tão mal não fosse termos descoberto as melhores bolas de Berlim que já
comemos, vendidas em embalagens de seis unidades, num dos mais conhecidos
supermercados nacionais.
Enfim! Vou embora destas férias,
para não fugir à regra, literalmente de barriguinha cheia de doces recordações
e agora é esperar para ver se esta barriguinha me vai deixar vestir a minha
roupa quando regressar ao trabalho…
Resultado final: Filipa - 0 Férias - 2 (Kg)
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Mulher é um "bicho" difícil...
Finalmente este fim-de-semana recuperei algumas gotinhas de inspiração para escrever aqui no blogue e como a inspiração é como um recipiente sob pressão há algum tempo, que foi abanado, aviso já que hoje isto vai ser longo!
O motivo foi o casamento de uma grande amiga. Mas não é sobre este evento que vou falar, isso ficará para outras núpcias, mas sim sobre os preparativos que foram verdadeiramente dramáticos – os meus, entenda-se, porque os dos noivos correram lindamente.
O motivo foi o casamento de uma grande amiga. Mas não é sobre este evento que vou falar, isso ficará para outras núpcias, mas sim sobre os preparativos que foram verdadeiramente dramáticos – os meus, entenda-se, porque os dos noivos correram lindamente.
Parte I – o vestido
Como é habitual, e ainda que
tenha reservada no armário uma série de vestidos de cerimónia, tive que acrescentar mais um à colecção porque não tinha um único exemplar que estivesse à altura do
acontecimento. À altura e à largura porque, de há uns anos a esta parte, o meu
armário tem sido o ecossistema perfeito para alojar umas criaturas (inventadas pelo
diabo), que se alimentam da minha roupa fazendo com que deixe de me servir - o seu nome é “calorias” e os hospedeiros que as conduzem até esse local são a
coca-cola e as batatas fritas. Outro dos motivos, com ainda mais peso, é a
regra nº1 das mulheres no que concerne a cerimónias: nunca repetir a
indumentária quando esse vestido já foi visto por alguém, nem que esse alguém tenha
sido o cozinheiro que nunca aparece na sala e ainda que nós nunca reparemos no que os outros levam vestido, sendo incapazes de reconhecer alguma peça repetida. Depois de quase ter "atirado a toalha ao chão" por não encontrar nada com a relação qualidade/preço desejada, lá perdi o amor a uma quantia de dinheiro ligeiramente pornográfica para adquirir um vestido que não sei se poderá alguma vez ser reutilizado. Mas quando o desespero impera...
Parte II - acessórios
Parte II - acessórios
Ainda assim, quando pensava que o meu drama tinha acabado no vestido, lembrei-me que o dito cujo tinha uma aplicação cheia de brilhantes com a qual não ia muito à missa, mas para o qual não conseguia encontrar um substituto digno. Além disso era preciso encontrar a bela da pochette (cujo reduzido tamanho que a caracteriza me obriga sempre a deixar o telemóvel no carro) e os restantes acessórios - e parecia que nada ficava bem..
Parte III - sapatos
Depois de correr tudo quanto era loja da especialidade e de, finalmente, assumir que ia manter o aplique (cuja exuberância me resolvia o problema dos acessórios, dado que dispensava outros grandes atractivos), foram os sapatos que, apesar de ficarem bem, já tinham perdido alguns brilhantes, apresentando-se um pouco desdentados. Mas, que se lixe, o vestido é comprido e ninguém vai andar de gatas (espero eu), com um lupa, a contar os minúsculos vidrinhos.
Parte I b) - o vestido outra vez
Resolvidos os problemas anteriores, e não satisfeita, eis que ressurge o grande drama: o vestido, que tinha ficado na loja para apertar e para lavar, a 2 dias da cerimónia continuava por lavar e por apertar. Só me restava pedir muito ao meu Jesus para dar juízo às senhoras daquela loja e tempo, muito tempo para se dedicarem a porem o vestido pronto no Sábado!
Parte III - sapatos
Depois de correr tudo quanto era loja da especialidade e de, finalmente, assumir que ia manter o aplique (cuja exuberância me resolvia o problema dos acessórios, dado que dispensava outros grandes atractivos), foram os sapatos que, apesar de ficarem bem, já tinham perdido alguns brilhantes, apresentando-se um pouco desdentados. Mas, que se lixe, o vestido é comprido e ninguém vai andar de gatas (espero eu), com um lupa, a contar os minúsculos vidrinhos.
Parte I b) - o vestido outra vez
Resolvidos os problemas anteriores, e não satisfeita, eis que ressurge o grande drama: o vestido, que tinha ficado na loja para apertar e para lavar, a 2 dias da cerimónia continuava por lavar e por apertar. Só me restava pedir muito ao meu Jesus para dar juízo às senhoras daquela loja e tempo, muito tempo para se dedicarem a porem o vestido pronto no Sábado!
Parte IV - o cabelo
Então no sábado tinha um baptizado às 16h - e eram 12h, tinha acabado de ir buscar o vestido (mais ou menos apertado e mais ou menos lavado) e continuava à procura de uns trapitos para levar vestidos, com cabeleireiro marcado para as 13h30. O vestidinho preto impecável que entretanto comprei combinava muitíssimo bem com umas "andas" de cetim preto que lá tinha em casa. Como não tenho carta de condução para aquela categoria de veículos, e dado o tardar da hora, comecei a suspeitar que poderia vir a ter um acidente grave no meio daquele turbilhão de coisas para fazer. Foi quando, a segundos de sair, resolvi que "fixe, fixe" era dar com a cabeça, em velocidade máxima, na orla da porta - e o meu pensamento instantâneo foi "já não me bastava estar suficientemente atrasada para agora ter que ir ao hospital levar pontos". Safei-me das suturas, mas não de um hematoma massivo na testa que me obrigou a ir de saco de gelo para o cabeleireiro e a contratar também para o dia seguinte uma maquilhadora profissional - o que nos leva para a parte V.
Parte V - a maquilhagem
Depois de uma noite a "dormir a correr" o despertador deu a alvorada às 07h e entre tropeções e remelas, lá me arrastei para o "Photoshop a 3D" - o cabeleireiro. Não fazia a mínima ideia do que iria sair do pincel da artista, mas estava filada que, como era a 1ª vez que a minha cara seria a sua tela, a paleta de cores iria ser humilde e regrada. Felizmente a nódoa negra não tinha chegado a surgir, pelo que, se levasse o penteado certo e se conseguisse evitar um determinado ângulo com o sol, talvez não se visse a proeminência colossal que tinha acoplada à minha testa - evidentemente que isto não aconteceu, mas talvez por falta de atenção (ou pena, ou excesso de álcool) ninguém reparou. Quando finalmente a obra termina, a maquilhadora começa a mexer no meu cabelo ainda molhado (como quando tentamos dar um jeito a um ramo de flores irremediavelmente mal arranjado) e diz "Vá ao espelho ver se gosta... Esta é uma maquilhagem bastante arrojada, mas vai ver que quando tiver o cabelo arranjado vai ficar o máximo". Temi pelo que ia encontrar do outro lado do espelho e comecei a preparar o discurso certo para a motivar para uma nova obra de arte, não tão "artística". Olhei para o meu reflexo, mas face ao estado de choque em que fiquei, as únicas palavras que me saíram foram "Isto... está... mesmo... artístico...". E foi aí que comecei também eu a mexer no cabelo a ver se a coisa remediava... E não remediou. Não é que estivesse feio, nada disso, apenas a probabilidade de encandear alguém com aquela sombra seria muito grande.
Parte VI - o cabelo outra vez
Quando me sentei na cadeira da cabeleireira, recebi por correio expresso as suas vibrações preocupadas, assim como uma expressão de quem tem uma empreitada faraónica pela frente: o que dali saísse ou ia arruinar tudo ou ia fazer estrelar o conjunto total. Como seria de esperar, não gostei do penteado e tanta arte, tanta inspiração e saí de lá a pensar "Meu Deus, onde estás tu quando mais preciso de ti?", mas rapidamente meti a mudança do espírito positivo e foquei-me neste pensamento "pelo menos não se nota o galo que está empoleirado na minha testa". Uma vantagem teve este photoshop todo: quando cheguei a casa e fui acordar o maridão ele acordou num instante!
Parte final - o conjunto completo
Entre uma testa amassada, uma maquilhagem que estaria à altura da sinalização de emergência de um edifício, uma penteado que parecia ter sido feito por uma criança de 2 anos e uma indumentária que já tinha passado as passas do Algarve, não é que o conjunto ficou muitíssimo bem? "Não negue à partida uma ciência que desconhece", já dizia a nossa querida amiga Maya...
Enfim! Com o complicómetro ligado no seu máximo nível (que de resto já é um habitué por aqui), melhor ou pior lá consegui resolver todas estas questões - como sempre!
Ai, como gostava eu de ser homem nestas alturas e ter como única preocupação engraxar os sapatos!!!
Parte VI - o cabelo outra vez
Quando me sentei na cadeira da cabeleireira, recebi por correio expresso as suas vibrações preocupadas, assim como uma expressão de quem tem uma empreitada faraónica pela frente: o que dali saísse ou ia arruinar tudo ou ia fazer estrelar o conjunto total. Como seria de esperar, não gostei do penteado e tanta arte, tanta inspiração e saí de lá a pensar "Meu Deus, onde estás tu quando mais preciso de ti?", mas rapidamente meti a mudança do espírito positivo e foquei-me neste pensamento "pelo menos não se nota o galo que está empoleirado na minha testa". Uma vantagem teve este photoshop todo: quando cheguei a casa e fui acordar o maridão ele acordou num instante!
Parte final - o conjunto completo
Entre uma testa amassada, uma maquilhagem que estaria à altura da sinalização de emergência de um edifício, uma penteado que parecia ter sido feito por uma criança de 2 anos e uma indumentária que já tinha passado as passas do Algarve, não é que o conjunto ficou muitíssimo bem? "Não negue à partida uma ciência que desconhece", já dizia a nossa querida amiga Maya...
Enfim! Com o complicómetro ligado no seu máximo nível (que de resto já é um habitué por aqui), melhor ou pior lá consegui resolver todas estas questões - como sempre!
Ai, como gostava eu de ser homem nestas alturas e ter como única preocupação engraxar os sapatos!!!
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Vegan à la carte
Depois de um fim-de-semana prolongadamente overdósico de pizzas, massas, gelados, paninis, porchettas, fogazzas e uma quase-crise de fígado, entrei numa semana de abstinência gastronómica absoluta, sem lugar a devaneios degustativos, enveredando assim pelo desconhecido mundo da comida saudável. Estava a correr tudo muito bem até arriscar comer um hambúrguer de soja. Era tão bom, tão bom, que o que sobrou de uma dose de 75g dei às minhas feras (que se lambem todos sempre que vêm um bom hambúrguer de carne ou de salmão). Resultado: a bicharada deve estar mal disposta, porque em vez da "chichinha" comeu os bróculos cozidos sem sal…
Para amanhã vamos ter tofu com as lentilhas que devem ter os respectivos prazos de validade a chegar ao fim, dada a vontade que tenho tido em cozinhar com estes ingredientes...
Ah! É verdade! E só por causa das coisas, depois da amostra de hambúrguer que comi e para matar o ratito, fiz um belo bife com cogumelos e molho de natas, acompanhado com um arrozinho branco que estava que era um espectáculo! E depois dizem que comer comida saudável não engorda e faz bem à saúde...
terça-feira, 17 de abril de 2012
TRX - Treino, Riso e "Xuspensão"
Hoje estou aqui para contar a história do dia em que fui atropelada por uma nave espacial e por uma tempestade de meteoritos.
Não me consigo recordar de quem me disse que a aula de TRX era muito "potente", mas uma coisa posso vos garantir: "potência" é coisa que não falta lá (note-se que esta grandeza é função da quantidade de energia gasta por unidade de tempo e eu derreti os meus músculos todos com tanto Joule)! O TRX, que significa treino em suspensão, utiliza unicamente o peso do nosso corpo (aqui eu ganho aos pontos muito boa gente esforçada, e magra, que lá anda). Deixo um vídeo para perceberem bem a excelente aplicabilidade do termo à modalidade.
Não se deixem enganar pela criancinha e pelas senhoras a entrar na meia idade que aqui aparecem, porque isto é mesmo um treino no demo!
Eu e uma amiga estreante no ginásio (a valente), face à hora e à sobre-ocupação das máquinas, decidimos que havíamos de experimentar aquela aula. Para não enfrentarmos o inimigo de olhos vendados resolvi, numa primeira fase, fazer prospecção do terreno e espreitar para ver se as pessoas que estavam à espera da aula eram todas homens, todas musculadas e todas com aquele ar alucinado de quem não está ali para passar o tempo (como nós). A amostra era bastante diversificada e animadora. Numa segunda fase perguntei a uma rapariga se aquilo era muito violento/agressivo, ao que ela me respondeu que era pacífico porque seríamos nós a impôr o nosso "grau" de dificuldade - só percebi lá dentro que tinha escolhido muito bem a quem fazer a pergunta e que ela já era "pós-graduada" nestas andanças. E como pelo meio da resposta dela surgiram as palavras "abdominais" e "braços" (que são músculos praticamente inexistentes que carecem rápida e desesperadamente de muito trabalho) fiquei convencida!
Lá entramos. Nunca cumpri serviço militar (muito embora tenha andado na praxe de engenharia, o que é praticamente a mesma coisa), mas tenho a certeza absoluta que as sessões de GAM (Ginástica Até à Morte) não deviam ser muito mais "potentes" do que estas! Fiquei estourada, mas a coisa ainda não tinha chegado ao cume e só me apercebi disso quando o professor disse: "Agora que acabámos o aquecimento, vamos passar ao primeiro grupo muscular". O QUÊ???? Aquilo era só o aquecimento? Bonito...
Já o professor tinha explicado o exercício e ainda andava eu às aranhas para conseguir regular as fitas ou enfiá-las em condições nas mãos. E depois, quando finalmente conseguia isso, como não tinha ouvido a explicação, fazia tudo mal, para além de que, para conseguir a tensão necessária nas fitas, tinha quase que entrar pela parede dentro e, como isso não era possível, ficava lá às rodas até conseguir encontrar uma posição em que não fosse dar marretadas na minha amiga (que estava ao meu lado), nem ficar com o rabiosque na cara de um colega desconhecido... E foi então que todo o meu estado de compenetração e entrega pereceu!
Ah! Esqueci-me de dizer que tinha andado o dia todo cheia de sono, e, como já eram 17h e ainda continuava nesse estado de dormência total e absoluta, resolvi tomar o meu 3º café dos últimos 3 anos. Meninas/os! Não sei se foi o café, se foi o sono, mas deu-me semelhante ataque de riso lá dentro que cheguei a pensar que o café estava "dopado". Ainda por cima o professor tinha um ar super profissional e não se vislumbrava qualquer ponta de palhaçada, não sendo fácil camuflar este meu ataque. E se os meus lânguidos bracinhos já não tinham força nenhuma, a rir-me como uma bêbada é que a coisa não ia mudar de figura. Tive que fazer um esforço colossal para pensar noutras coisas e não me desfazer em lágrimas de riso. Comecei a entrar em desespero com tanta gargalhada oprimida e cheguei mesmo a ponderar abandonar a aula. Valeu-me a companhia porque eu não podia ficar assim tão mal vista logo na primeira vez... Enfim...
E se já estava a ser difícil executar correctamente os exercícios com as mãos, imagine-se agora com os pés! E para complicar ainda mais, completamente suspensa, com flexões ao barulho, com o corpo de lado, e depois de pé novamente, e tudo em 3 segundos, e várias vezes seguidas, numa rotina digna de ser apresentada num circo, só que sem rede por baixo. Pffffffffffffffffffff... Os meus músculos começaram a deitar fumo!!!! Escusado será dizer que das duas séries de 15 que foram feitas, eu fiz uma única vez porque foi aí que não me consegui conter mais e me entreguei ao riso audível e despojado, face às figurinhas que me estava a ver fazer. E fiquei ali de pé, especada, a ver se me passava... E não passou!
A única coisa que me conseguia controlar era a antevisão das consequências resultantes desta sobreprodução de ácido láctico. Mas logo a seguir a minha amiga saía-se com um "Amanhã nem sequer vou conseguir escrever. O teu carro liga-se com botão, ou vais ter que ir à boleia?" e retomava a histeria!
Finalmente ouvimos as palavrinhas mágicas do nosso mestre "Vamos fazer os alongamentos, agora", sinal de que o nosso suplício via, finalmente, a luz no fim do túnel e que ia voltar a ter os pés permanentemente assentes no chão, terminando com aquele estado de "Xuspensão". Ao sair da aula percebemos, imediatamente, que tínhamos adquirido um novo andar e que não apenas os braços, mas todos os grupos musculares estavam em overdose com tanta "potência". A minha amiga ficou motivadíssima para o ginásio e para estas aulas, ainda que não tenha sido capaz de preencher sozinha a ficha de inscrição por falta de força nas mãos (está até com receio que o banco rejeite o pedido de débito directo uma vez que a sua assinatura ficou totalmente diferente). Depois da aula ainda fui tentar fazer um pouco de treino cardiovascular, ausente naquela modalidade militar, mas ao cabo de 15 minutos "atirei a toalha ao chão" e não a tornei a apanhar! Pontos positivos: afinal tenho músculos, dado que tenho dores em sítios que nem imaginava ser possível; nada poderá ser pior do que isto, pelo que, se sobrevivi a esta, posso experimentar TODAS as aulas do ginásio!
Pela primeira vez desde que fui na minha caminhada de fé que não me sentia tão cansada e adormeci sem ter tempo, sequer, para me aperceber que tinha sono.
Normalmente demoro cerca de 24h para ter dores musculares, o que não aconteceu, seguramente, desta vez. Não precisei de boleia porque consegui ligar o carro, mesmo não tendo o dito botão, mas isto promete complicar com a passagem do tempo. Uma coisa é certa: o 4º café do triénio já cá canta para conseguir aguentar. Só espero que não me dê outro ataquinho como o de ontem! Mas também estou certa de que não tenho força, nem energia para outro com tamanha "potência"!!!
Para a semana, à mesma hora, lá estarei, com o único propósito de desafiar as minhas limitações (é que além de desequilibrada, descobri que sou masoquista). E depois, já se sabe...
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Mom to be - Parte I
(Caaaaaalma! Antes de começar, nada de ideias, porque não sou eu, ok? )
Li uma vez num livro que, de há uns tempos a esta parte, anda aí um "vírus" que se manifesta através de deformações físicas, alterações comportamentais e desenvolvimento de um hospedeiro no interior de mulheres com idades compreendidas entre os 13 e os 40 anos - por isso, cuidado meninas, porque aviso já que se nos pusermos a jeito ainda nos apanha! Ao que parece, existem várias formas de enfrentar o agente infeccioso. Contudo, não estamos livres dele nos bater à porta porque, segundo os especialistas, mesmo que não estejamos "infectadas", podemos ser portadoras de um síndrome que se revela através de um desejo incontrolável em apanhar esta "virose", especialmente entre os 30 e os 35 anos. E bate certo porque a verdade é que anda tudo a pensar no mesmo: bebés! Uma coisa leva à outra e desde o início do ano que já conto mais 8 grávidas (para além das que eu já sabia que tinham entrado em 2012 com o chamado “pipo cheio”). Há também uma boa brigada de gente a treinar, a fazer o aquecimento, ou simplesmente a pensar mais seriamente no assunto.
Li uma vez num livro que, de há uns tempos a esta parte, anda aí um "vírus" que se manifesta através de deformações físicas, alterações comportamentais e desenvolvimento de um hospedeiro no interior de mulheres com idades compreendidas entre os 13 e os 40 anos - por isso, cuidado meninas, porque aviso já que se nos pusermos a jeito ainda nos apanha! Ao que parece, existem várias formas de enfrentar o agente infeccioso. Contudo, não estamos livres dele nos bater à porta porque, segundo os especialistas, mesmo que não estejamos "infectadas", podemos ser portadoras de um síndrome que se revela através de um desejo incontrolável em apanhar esta "virose", especialmente entre os 30 e os 35 anos. E bate certo porque a verdade é que anda tudo a pensar no mesmo: bebés! Uma coisa leva à outra e desde o início do ano que já conto mais 8 grávidas (para além das que eu já sabia que tinham entrado em 2012 com o chamado “pipo cheio”). Há também uma boa brigada de gente a treinar, a fazer o aquecimento, ou simplesmente a pensar mais seriamente no assunto.
Mais particularmente, há aquelas que ficam caladinhas que nem ratos, na esperança vã que ninguém desvende este seu segredo antes do 1º trimestre de gravidez, para não agoirar o negócio. Mas quem já passou por isso, ou viu muita gente passar, consegue facilmente decifrar nos pequenos sinais que existe um feijãozinho algures entre as “joias” do papá e o “forninho” da mamã. E eu fico encantada a ver essas desculpas andrajosas, esses comportamentos desajeitados e essas exteriorizações de felicidade oprimidas, porque são indícios de que vem aí mais um(a) sobrinho(a).
Se repararmos bem, a coisa anda, sobretudo, à volta da comida. Por isso, um pouco mais de atenção às refeições poderá ser o suficiente para apanharmos em flagrante uma “criminosa”. Atente-se, desta forma, ao seguinte menu.
Enchidos
“Quero uma tosta mista sem fiambre, por favor”
“Adoro presunto, mas… estou de dieta… de carne de porco crua!”
“Adoro presunto, mas… estou de dieta… de carne de porco crua!”
Mariscos
“Arroz de marisco? Que pena… Comi ao almoço. Eu como só o arroz, não faz mal. É por causa do colesterol…”
Ovos Crús
“Mousse de chocolate é a minha sobremesa preferida, a par da baba de camelo. Mas comi muito ao jantar, obrigada!”
Combinações estranhas
“Apetecia-me mesmo batatas fritas com molho de soja e gelado de iogurte grego de manga para o pequeno almoço...”
Bebidas
"Quem disse que brindar com água dá azar... Disparates!"
Enjoos
“Estou um bocado indisposta. Foi da viagem… Muitas curvas apertadas (na autoestrada).”
“Cheira-me imenso ao cimento das obras que estão a fazer no quarteirão ao lado deste? Acho que vou vomitar…”
Gatos
“Onde é o jantar? Em tua casa? Ah!... Ainda tens gatinhos? Olha, lembrei-me agora! Podíamos antes ir jantar fora… Para não te sujar a casa.”
Fruta
“Onde está o teu galheteiro? Gosto sempre de lavar as maçãs com vinagre porque ficam muito mais saborosas.”
Saladas
“Deixei de comer salada porque... ora... porque me fazia o cabelo espigado..."
E se falamos em doenças temos, forçosamente, de falar de medicamentos e de métodos de diagnóstico mais… evasivos!
Medicamentos
“Não quero um comprimido para as dores de cabeça. Estou a fazer um teste à minha resistência à dor!”
"Estes comprimidos que ando sempre a tomar? São vitaminas porque ando muito cansada."
“Ir ao hospital fazer uma radiografia? Não é preciso... O osso vai ao sítio sozinho! Eu ponho uma pomadinha e faço uma massagem!”
Há também aquelas pequenas pistas, apenas sensíveis à comunidade feminina, que revelam que pode existir uma surpresa dentro do ovo.
Estética
“O cabelo castanho com raízes brancas está na moda este ano.” ou “O cabelo loiro, com raízes castanhas é a nova tendência nos Estados Unidos.”
“Borbulhas na cara? Hummm... Mudei de creme, é isso!”
“Deixei de pintar as unhas porque estavam a ficar muito amarelas”
"Gosto muito de usar cachecol, mesmo quando estão 28ºC"
"Sim... Estou mais gordinha... E já se sabe... Vai sempre parar à barriga..."
Finalmente, a larga experiência de "tia" permitiu-me concluir ainda que os desiquilíbrios hormonais, representados por comportamentos anormais, são indicativos também de que a cegonha já fez check-in.
Hormonas
"Claro que não podes ir ver um jogo de futebol, nem podes ir jogar futebol, nem podes ver futebol na televisão, nem sequer podes jogar futebol na playstation. Estou muito carente e só tenho estado contigo 23h por dia!"
"Estou cheia de sono. E esta noite só dormi 10h!”
“Não percebes porque é que estou a chorar? "Então não vês que aquele botão de rosa abriu hoje? Eu é que não percebo como podes ser tão insensível…!”
Perante isto tudo, minhas amigas, só posso dizer: não pensem que me enganam!!! E quanto a mim...
"Estou cheia de sono. E esta noite só dormi 10h!”
“Não percebes porque é que estou a chorar? "Então não vês que aquele botão de rosa abriu hoje? Eu é que não percebo como podes ser tão insensível…!”
Perante isto tudo, minhas amigas, só posso dizer: não pensem que me enganam!!! E quanto a mim...
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Chuvinha de Molha-Tolos
E depois de 3 meses sem chover, depois
de andar a adiar semana, após semana, a lavagem digna numa área de serviço, e
depois de deixar 600 pontos do meu querido cartão cor-de-rosa do
combustível, eis que a minha concentração profissional, tranformada num quase hipnótico transe, é interrompida. Primeiro, suavemente, um “pic…
pic… pic… pic… pic….”, depois um continuado “fffffffffff”, a que se seguiu um mais intenso “xxxxxxxxxxx”,
culminando no apoteótico “CABUUUUUUM”. Eu sei que estamos a viver a pior seca dos últimos 30 anos,
que o cenário é horrível para os agricultores e que meio Portugal estava bom para fazer um churrasquinho, mas… TINHA QUE CHOVER PRECISAMENTE NO DIA EM QUE RESOLVI LAVAR O
CARRO?
É tradição na minha família lavar a "biatura" nas épocas festivas. Eu só o faço mesmo nessas alturas, de modo que estava num estado, digamos... camuflado. Isso! Camuflado! Por isso resolvi dar-lhe uma banhoca para me recordar da sua cor original e para poder "beijar o senhor" de consciência limpa, à semelhança do meu carro - na verdade, só o fiz porque o maridão ia conduzi-lo e ia passar a viagem toda a moer-me a paciência por causa da falta de brio que eu teimo em nutrir por todos os automóveis que guio.. E acontece-me isto! Eu não digo que sou predestinadinha para o azar? E ainda por cima se fosse chuva a sério... Mas não! É só daquela que me vai por o "beículo" pior do que ele já estava e os nervos todos encarquilhados...
Para compor o ramalhete, ontem gastei meio reservatório municipal de água a reguar as plantas do terraço, a minha santa mãe andou a limpar os vidros TODOS lá de casa e aproveitei para lavar uns cobertores que estão a secar ao ar livre!!!
Grrrrrrrr...
Vou afundar as mágoas em amêndoas.
A propósito, boa Páscoa!
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Fizeram reset à minha Dalila
Tudo começou
há quinze dias, num belo Sábado, com a visita da minha prezada amiga Xana.
Quando lhe abri a porta com o aspirador numa mão e a esfregona na outra,
informei-a que estava na época de saldos e que a bicharada tinha resolvido
mudar a roupagem, de maneira que aqui a escrava exaurida estava prestes a
chegar à betonilha de tanto aspirar, “swiffar” e “esfregonar” pêlos de gato. Conversa
vai, conversa vem, e num instante estava a gabar as minhas feras porque, ainda
que fossem gigantes destruidores de sofás e de cortinas, nunca tinham vomitado
bolas de pêlo. Predestinadinha para o azar como eu sou, não tardou muito até
encontrar uma vomitadela recheada de biscoito em pleno tapete do quarto! E sem
ter tempo para recuperar do choque, fui à cozinha buscar o arsenal de
desinfecção e dei de caras com um líquido esbranquiçado, no meio da sala. Daí a
nada, pequenas poças de bílis reproduziam-se no meu palácio. De modo que lá
andava eu, de nariz no ar e de olho pregado ao chão, em busca de vestígios de
fluídos estomacais e do causador desta tempestade digestiva! E eis que o meu
ouvido detecta um guincho abafado e interrompido por libertações involuntárias
do enfermo. Resolvi dar tempo ao felino para ver se lhe passava a indisposição,
mas sendo que o bichano é a minha sombra lá em casa e notando que fazia tudo
para manter a máxima distância de mim, concluí que algo se passava e que não
seria nada de bom. E foi quando dei com ele a dormir na estante mais alta lá de
casa, na cave escura e fria, que pensei que o pobre animal tinha escolhido ir
morrer longe, e aí fiquei realmente preocupada.
Como a coisa
não estava para melhoras, 2ª feira à hora do almoço lá fui eu, avenida abaixo,
com uma transportadora debaixo do braço (que é como quem diz, a parar de trinta
em trinta segundos para mudar de mão, que o Sansão pesava 5,650 Kg), e entre
“miaus” sofridos lá o levei à doutora a quem ele não bufa - e a quem, mais uma
vez, não bufou, nem com o termómetro metido no dito cujo! Mexe daqui, mexe dali
e o diagnóstico parecia inconclusivo. Mas a panóplia de sintomas revelavam que,
o que quer que fosse, seria o suficiente para o meu querido autista ficar lá
durante o dia. Vómitos, temperatura muito baixa, perda acentuada de peso,
desidratação e falta de apetite para algo que teria surgido há menos de dois
dias, condenavam agora a pobre criatura àquilo que ela mais temia: distância de
casa, proximidade a estranhos, contacto com cães e assistir a este inferno aos
quadradinhos (enjaulado)! Todo ele era caspa e pêlo no ar com o stress, mas lá teve de ficar, não por
umas horas, mas por dois dias.
Controlando-me
para não ligar para lá de hora em hora para saber novidades, lá me fui
aguentando até 3ª Feira ao final do dia, momento em que trouxe o Sansão com meia perna depilada, por causa das “picas”, para o pé da sua irmã espevitada,
amigável, social e.... cujo cérebro fez shut
down durante a sua ausência!
Ao contrário do que seria de esperar, o seu regresso não foi acompanhado de
lambidelas nem “miaus” saudosos, mas sim de “Grrrrrr”, “Fffffffffff” e
“Miiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaauuuuu-se-não-desapareces-da-minha-vista-espeto-te-com-uma-unharra”.
A minha alma estava parva... À semelhança da Dalila! A pobre criatura, autistade genoma, bem que procurava incansavelmente a irmã, mas bastava à outra que se
apercebesse apenas que o irmão estava a olhar para ela, para lhe saltar um
olhar fulminante e mais 10 segundos de palavrões felinos! Já não bastava ao
bicho não comer, nem dar uso ao intestino, como agora estaria condenado a viver
na solidão e no medo.
E então tive que os separar pela primeira vez, em casa – a Dalila ficou do lado da sala e o Sansão ficou do lado dos quartos e das casas de banho. Não sei se pela tristeza, se por outro motivo mais bizarro e inexplicável, nessa noite o intestino do meu rapaz funcionou! Ainda pensei que fosse algum problema de canalização, mas os sinais deixados dentro das duas sanitas não deixaram margem para erros: o autismo do meu gato revelava novas formas de expressão!!!
A parte boa?
Ao mesmo tempo que fizeram reset à
minha Dalila, fizeram uma lavagem cerebral ao meu Sansão (que mais parece ter
trocado de cérebro com a irmã) e agora está mais meigo do que nunca! Todo ele é
mimo e meiguice. Mas gosto deste novo Sansão! A ver vamos se quando lhe passar
o faniquinho à Dalila ele não volta a transformar-se no meu gato autista…
E então tive que os separar pela primeira vez, em casa – a Dalila ficou do lado da sala e o Sansão ficou do lado dos quartos e das casas de banho. Não sei se pela tristeza, se por outro motivo mais bizarro e inexplicável, nessa noite o intestino do meu rapaz funcionou! Ainda pensei que fosse algum problema de canalização, mas os sinais deixados dentro das duas sanitas não deixaram margem para erros: o autismo do meu gato revelava novas formas de expressão!!!
Entretanto levei
ambos para a clínica, dado que, a páginas tantas começaram os dois a vomitar, e
começava a parecer aquelas mães desesperadas com gémeos, que pintam as unhas ao
filho doente, porque estão fartas de inserir supositórios e não vêm meio da
febre baixar… Voltaram para casa no mesmo dia, aparentemente bem.
“Aparentemente”,
disse, porque as visitas à doutora não se findaram aqui. Mas finalmente, depois
de 4 dias de internamento, outra série de análises, soro, uma ecografia,
alimentação por sonda, e mais meia perna depilada, fui buscar o meu Sansão definitivamente
(até ver) ! Quando cheguei, a veterinária disse-me que ninguém lhe conseguia
tocar e que até ao meu marido, que o tinha ido visitar na véspera, ele tinha
rejeitado e mostrado a sua fúria. E então eu cheguei, e então eu aproximei-me
dele, e então ele enroscou-se nos meus dedos e no meu pescoço, começando a ronronar… E então o amor de filho é uma coisa muito linda! (É nesta altura que quem não tem gatos costuma ficar
farto desta lamechice e interrompe a leitura, por isso estejam à vontade,
que eu não levo a mal).
Escusado
será dizer que aquele aroma que fazia a Dalila ficar “piradona”, foi
intensificado por esta estadia prolongada ao pé de vários cães, de modo que a
gata ficou absolutamente descontrolada e foi então que a minha casa virou palco
de uma cena de ódio, discórdia e quase sangue, que me levou a separá-los
durante algum tempo. O Sansão ainda estremece se sentir a irmã porque ficou
traumatizado com o mau feitio que a tem assistido desde que regressara, mas não
desiste de a procurar, de estabelecer contacto e de a reconquistar! A cada
tentativa falhada, segue-se um gemido chorado, o que é muito triste, vindo de
um animal que nunca mia (a não ser quando vê fiambre).
E como se
não fosse suficiente, a fera rebelou-se também contra nós. Lembram-se de ter
dito que “a
minha gata virou um pingo de mel que nem virada do avesso, pendurada pelo rabo
ou perseguida durante horas pelos miúdos, é capaz de morder quem a está a
apoquentar”? Esqueçam isso tudo… Estava pior do que quando chegou a minha
casa com 400g de pêlo e osso!!!
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
O drama do Senhor Valentim
O dia 14 de Fevereiro sempre foi um grande
drama para mim – talvez equiparado ao drama
da ponte – e nunca percebi bem a sua lógica, nem antes, nem depois de ter
namorado…
Reza a história que este dia surgiu em
homenagem a um corajoso bispo, de seu nome Valentim, que morreu em nome do amor. Mas isto é apenas a
versão romântica da coisa, que de romântica teve muito pouco. Para começar, o
senhor vivia numa época medonha onde o imperador achou que bom, bom, era acabar
com os casórios porque assim o pessoal deixava de estar “concentradíssimo” com as
“sócias” e ia para a guerra sem fazer figura de urso! Posto isto, o bispo obstinado
desatou a casar toda a gente, porque não se compadecia com as ordens desse tal
de Cláudio II, e em consequência deste acto leviano passou a ver o sol aos
quadradinhos até que fosse executado pela sua infâmia. Não satisfeito, o
clérigo decidiu que havia de chocar ainda mais as mentalidades pequeninas
daquelas gentes e foi então que se apaixonou pela filha pitosga do carcereiro.
Mas foi-se a ver e afinal ela já não era cega coisa nenhuma, porque mal o Valentim bateu a bota a finória leu o bilhetinho de despedida que ele lhe deixou onde
assinou “Seu Valentim” – milagre, dizia a exibicionista… E já não bastava o
pobre coitado estar preso e enfeitiçado por uma lambisgóia pseudo-míope, para morrer
justamente no dia 14 de Fevereiro que é o dia dos namorados!!! ;) É preciso ter
mesmo azar… J Por isso, e assim logo para começar, este
é um dos motivos pelo qual não gosto deste dia!
Quando era miúda também não era nada fã
desta data, principalmente porque não tinha namorado. E depois, quando recebia
algum cartão, ou era anónimo, ou era de alguém com quem não queria qualquer
tipo de identificação (os miúdos são tão cruéis…) ou, vinha-se a saber, era da
minha melhor amiga Helena, escritora de essência, que queria que acreditasse no amor e no
Dia de S. Valentim (mas que eu percebia logo que era impossível ser escrita por
um miúdo de doze anos, dada a sensibilidade do seu conteúdo e o grande número
de palavras com mais de duas sílabas).
No tempo dos quatro canais era desesperante
ligar a televisão durante quinze minutos de novela brasileira de amores impossíveis,
a que se seguiam trinta de anúncios publicitários intermináveis de perfumes,
chocolates, trilhas sonoras do Kenny G e da Celine Dion, relógios alusivos e outros que tal, que tornavam (e continuam a tornar) este dia em mais um
evento comercial alimentado por imagens hipnoticamente apelativas e pelo
apetite consumista desenfreado das pessoas.
Mas o que era realmente insuportável
naquela altura era ser obrigada a assistir a todos aqueles rituais de
acasalamento “estúpidos” e “desnecessários” dos namorados no dia 14 de Fevereiro,
que deixavam o meu emancipado feminismo pós-moderno em estado de depressão profunda:
beijos ao estilo Casablanca, dados por miúdos que tinham acabado de deixar a
chupeta, mas que adoravam exibir estes talentos lá na preparatória; namorados
que não desgrudavam, nem com o autocarro em andamento e a fechar as portas; intermináveis
“não, desliga tu, meu docinho de morango com chantilly de natas frescas, que ontem desliguei eu”; ouvidos em todas
as cabines telefónicas. Depois saía da escola e ia à florista que havia lá ao
pé, e que vendia de tudo um pouco, completamente cheia de homens tresloucados,
impedindo-me de adquirir as gomas e os chocolates que afogavam as minhas mágoas.
E lá ia eu para o autocarro, a caminho de casa, entalada por casalinhos que achavam
que o melhor sítio para demonstrar o seu amor era num autocarro a abarrotar de
gente, de barulho, de movimento e… de frustração! É no que dá estar-se na
puberdade e só bater as pestanas a rapazes com pelo na cara!!!
Finalmente os namorados vieram, mas a
verdade é que não guardei grandes registos destas festividades com um efectivo
a dar-me tudo aquilo que negava querer, mas com que tão secretamente sonhava
nesta altura! E foi então que encontrei o amor da minha vida e as coisas
prometiam mudar. Fiel à minha renúncia ao consumismo que vestia a época, sempre
procurei dar presentes originais, personalizados e carregados de simbolismo,
mas ao fim de uns anos, a imaginação começou a faltar… e o drama a recomeçar!
Além disso havia o famigerado jantar do dia dos namorados que duplicava este drama!
Desde degustar uma refeição gourmet à velocidade da luz (porque no dia seguinte
era necessário fazer um exame e passar), a jantar uma fatia de pizza, dentro do
carro, debaixo da ponte D. Luíz (dado o trânsito que se tinha instalado nesse
Sábado à noite na cidade e os bilhetes para o cinema serem para horas
decentes), até andar durante 2h à procura de um restaurante porque nos
esquecemos de reservar, aconteceu sempre alguma coisa que manchou este dia. Para
contrariarmos a tendência, achámos por bem começar a comemorar na véspera, já
que o dia 13 é também um dia de importantes festejos lá em casa. Mas ao que parece
a ideia não foi assim tão original, e até neste dia chegamos a ter alguma
dificuldade em jantar condignamente, com uma distância dos outros clientes
suficiente para que não soubessem o quão bonitos são os meus olhos, ou o quanto
mudou a vida da minha metade boa desde que me conheceu!
Assim sendo, passamos a jantar em casa, a
caprichar no repasto, no silêncio e no isolamento, sem prendas, sem confusões e
sem stresses!
Diz o maridão que um dia teremos gémeos, que
serão dois rapazes e que um deles se há-de chamar Valentim, porque é um nome
bonito, cheio de significado e porque é uma homenagem ao meu avô. Mas estou a
ver se o demovo porque basta de homenagens - foi por causa de uma a um tal de
Valentim que todo este drama começou…
Atualização 14/02/2017
Um ano e meio depois, a homenagem efetivamente concretizou-se! Apesar de ter travado uma árdua luta interior para que o meu filho não se chamasse Valentim, a verdade é que parecia que não gostava de mais nenhum e lá tive que dar a mão à palmatória.... Pelo menos ele não corre o risco de ser confundido com ninguém, como os Santiagos, os Rodrigos e os Joões, e, no dia dos namorados, as miúdas não vão passar por grandes "dramas" em oferecer ao "senhor Valentim" presentes personalizados!!!
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
O peso da desgraça
Mas foram uns meses muito lindos que se
seguiram: já conseguia respirar normalmente dentro das calças de ganga, sem ficar azul; não tinha que inspirar bem fundo para esconder a barriga sempre que passava
por um “jeitoso” ou por uma miúda do liceu; quando ia correr não sentia o coração nos ouvidos, nem as mamocas a bater no queixo; podia usar
t-shirts justas sem prejuízo de imitar o famoso cão Sharpei; e tinha umas
análises ao sangue dignas de serem emolduradas e afixadas na entrada da Junta de
Freguesia, ao lado dos Editais! Tempos felizes esses em que conseguia ir ao
supermercado sem sair de lá com um pacote de batatas fritas (que já chegavam a
meio a casa) ou sem uma embalagem de donuts (que se sobrasse algum podia dar
azar).
De maneira que me senti muito orgulhosa por ter alcançado este feito. E sabem qual foi o segredo? Não foram os litros de sopa, nem os quilos de maçã cozida que substituiram as toneladas de massa, de arroz e de carnes vermelhas. Não foram as horas no ginásio a correr, nem sei bem atrás de quem, em vez de estar no sofá a ver as minhas maravilhosas séries. Também não teve nada a ver com as 7 refeições diárias obrigatórias, que fez com que a minha vida passasse a ser gerida pelo toque dos alarmes do telemóvel (no final já parecia o cão de Pavlov). A chave do sucesso foi beber água como se não houvesse amanhã, o que me fazia passar o dia a correr para a casa de banho. E quando ela está na ponta oposta, do piso de cima, do sítio onde se trabalha, uma pessoa costuma perder uns quilos valentes nessas viagens mais que frequentes!
E, ao
contrário do que pensava, ainda me consegui manter assim durante uns meses.
Mas, já se sabe, o Inverno aproxima-se e a formiguinha tem que se preparar. E
nada melhor do que uns bons centímetros de camada “odiosa” para fazer frente a este frio
que se hospedou este Inverno na minha casa, primeiro escondidos com os casacos, depois com os cachecóis, e agora com o edredão vestido (o frio e a gordura)! De maneira que, ultrapassado que foi o valor limite de peso que me impus para fazer alguma coisa, aqui estou eu, uma vez mais, a comprometer-me publicamente em mudar esta situação.
Há já algum tempo que meio mundo me andava a chatear para mudar para um determinado ginásio porque, ao contrário do que acontecia no que frequentava, nunca iria sozinha. E foi então que pensei. E se, em vez que gastar quase 60€ por mês num ginásio de luxo no qual não ponho lá os pés desde o Verão, mudasse para um que me fica a metade do preço, mesmo que também lá não vá? Assim, a (não) prática desportiva sempre me ficava mais em conta! E assim foi. Mudei-me de malas e bagagens para esse, que sempre me sobrava algum dinheirinho para gastar em eclairs e croissants! Claro que lá voltei eu ao meu drama da ponte que, se bem se lembram, foi um dos motivos que me fez mudar para o anterior ginásio... Mas isso agora não interessa nada!
Que categoria!!! No primeiro dia saí de lá logo com a avaliação física marcada para a visita seguinte, que este é um ginásio muito digno onde as pessoas não ficam à espera de serem magras para lhes fazerem um programa de treino. Depois do relambório de perguntas que mais parecia o de um seguro de saúde para uma pessoa com 60 anos, seguiram-se as quinhentas medições. Ele foi medição dos índices de massa, das tensões, da flexibilidade, de 500 perímetros dos meu corpo, das pregas (ai meu Deus, as pregas!), ... A fita métrica varreu de tal forma o meu corpo que, a páginas tantas, até lhe perguntei se ia demorar muito até fazer a primeira prova do vestido de gala! Mas fiquei muito satisfeita. Sim, senhor! Isto é que é serviço de qualidade. Só não gostei tanto quando vi a conta a pagar, ou seja, os dois pares de quilos que tenho que eliminar e o respectivo plano de treinos!
Ainda assim, a coisa correu melhor do que esperava e saí de lá com uma motivação de tal ordem que fui literalmente a correr para a passadeira, onde estive durante 40 minutos (30 dos quais em corrida). 30 MINUTOS, meus senhores! Para uma velha enferrujada que ultimamente só fazia pilates e outras modalidade onde não se transpira nada, a não ser preguiça, isto foi o acontecimento do ano!
A ver vamos durante quanto tempo vai durar esta motivação exlosiva, porque a experiência diz-me que será só durante as primeiras... 2 visitas ao ginásio!!!
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Sansão - o gato autista
“Autismo - au.tis.mo masculino - transtorno invasivo do desenvolvimento que compromete as interacções sociais, comunicação e a variedade comportamental do portador.”
Finalmente encontrei a
justificação para a conduta do meu gato. Anteriormente designado por “Sansão, o
Morcão”, cedo começou a revelar uma sintomatologia coerente e reveladora da malfadada
maleita que o impede de acompanhar, literalmente, as pegadas da sua irmã e ser
um gato de apartamento feliz, descontraído e sociável. Dalila, a irrepreensível
anfitriã que acolhe toda e qualquer visita na sua mansão com pulos enérgicos (e
um pouco descontrolados) de modo a receber mimos que cubram a maior parte da
sua área corporal, é o animal perfeito para se ter em casa, se exceptuarmos os
ataques compulsivos de comichão nas patas, aliviadas sempre pelos meus sofás e
cadeiras, já sem pele e com a espuma à vista. Mas nem o contacto com ela, nem o nome com que o baptizámos, fizeram com que a personalidade do coitadito mudasse.
Sansão e Dalila com 1 mês |
O felino é o verdadeiro fenómeno. Senão vejamos. De acordo com a Associação Americana de Autismo, os sintomas de autismo incluem:
1. Distúrbios no ritmo de aparecimentos de
habilidades físicas, sociais e linguísticas.
Confirma-se. Já lá vão dois anos e tal, o que
na idade dos gatos significa… 7x2=14… +7/12x(Setembro, Outubro, Novembro,
Dezembro, Janeiro)… Bem, mais do que a idade do armário, pelo que as desculpas
de uma puberdade retardada não se adequam a este contexto, e no que diz
respeito a este exemplar, as suas habilidades sociais são iguais às de uma
pedra.
Quanto às “habilidade físicas”, há
uma em particular que me apraz bastante: quando vê um desconhecido em casa
(que, basicamente, é todo o ser humano que não eu ou o maridão, mesmo que já lá tenha estado quinhentas vezes)
petrifica. É capaz de ficar horas a fio na mesma posição (às vezes dois ou três dias se a estadia das
visitas se prolongar) e, se tentar pegar nele, faço-o com uma
enorme dificuldade porque parece que pesa o dobro do normal. Não come, não dorme e às vezes parece que desliga o cérebro.
No que diz respeito às suas
habilidades linguísticas, falarei mais à frente.
2. Reacções anormais às sensações. As funções ou áreas mais afectadas
são: visão, audição, tacto, dor, equilíbrio, olfacto, gustação e maneira de
manter o corpo.
Confirma-se também na generalidade.
Momentos houve em que pensamos mesmo que era primo do Stevie Wonder, porque é
preto e não enxergava alguns obstáculos. Mas parece-nos que com o tempo sofreu
significativas melhorias no campo visual (isso ou foi decorando os caminhos de
modo a conseguir desviar-se a tempo).
Parece-me também que tem uma
audição sã apenas para alguns comprimentos de onda porque, quando quero sair de
casa e o chamo para não ficar nos quartos, não me aparece, mas, se logo a
seguir fizer barulho com a porta do frigorífico ou com a embalagem do fiambre, surge
numa correria, mesmo que esteja na ponta oposta da casa e que a televisão
esteja no volume máximo.
Os meus gatos (e aqui também tenho
de falar na Dalila) têm um paladar muito selectivo e estranho até: ou sabem ler
e têm a mania das marcas, ou então são realmente críticos em relação às rações
do supermercado: linhas brancas, “jamé”; Friskies, nem constipados; Wiskas só
misturados com a ração que mais gostam; Purina, vão comendo, mas ao início retorcem os bigodes; mas a Royal Canin chamam-lhe um figo! Para quem não sabe, apresentei
as marcas por ordem crescente de preço, só para terem uma ideia da “chiqueza”
da bicharada. Só não são esquisitos na hora de rapinarem a nossa comida (mas,
ainda assim, em algumas ocasiões encontrei umas espinhas no tapete, por não as
conseguirem aguentar no estômago). Já agora, agradeço muito este "exquisite taste" que permite que a minha casa não tenha uma única mosca ou mosquito!
E se quiser falar na postura, meus
amigos, nem vos conto! Sempre que alguém entra em nossa casa e se aproxima da área
onde ele está, imediatamente encolhe as patas e transforma-se naquilo que será
a variante Basset-Hound (cão salsicha) para gatos, arrastando-se nessa posição
durante vários metros até ao quartinho já mencionado…
3. Fala e linguagem ausentes ou atrasadas.
Check. Quanto à fala e linguagem do
Sansão pouco posso dizer porque são praticamente inexistentes, a não ser quando
vê uma fatia de um qualquer enchido ou uma posta de bacalhau - o que tem a menos no cérebro tem a mais no olfacto. Aí solta um miau
grave e desafinado, imitando um rapaz adolescente quando começa a mudar a voz, revelando a falta de uso do instrumento... vocal. :) Tendo em conta que
os gatos têm o dobro das nossas cordas vocais só posso dizer “Deus dá nozes a
quem não tem dentes”…
4. Relacionamento anormal com os objectos, eventos e pessoas.
Adequa-se totalmente. O meu gato é um ser realmente estranho. Lembram-se
de ter falado na luva que calçava para lhes tocar quando tinham apenas um mês de vida e que utilizei apenas durante alguns dias? Pois muito bem! Ainda hoje não me posso aproximar do meu gato com ela na mão sem que ele vire
as orelhas para trás, encolha as patas e vire pedra, ou desate a fugir.
Esta relação de ódio contemplativo aplica-se na
mesma escala às pessoas que em algum momento lhe puxaram o rabo ou o calcaram, ainda
que sem essa intenção: basta ao meu sogro tocar à campainha que ele imediatamente
desaparece, ainda antes de lhe abrir a porta, sendo apenas vislumbrado um bom
par de horas depois de se ter ido embora.
Mas a excelência do seu autismo revela-se nesta
situação particular. Se é violada a distância que, para o Sansão, lhe reserva a devida
segurança, não hesita em mostrar os seus proeminentes caninos de dois centímetros super
afiados, um "pffffffffffffffffff" ameaçador seguidos de, caso a futura vítima não recue, uma exibição das suas
unhas.
Ora, perante este comportamento, vou para o
veterinário com ele sempre cheia de receio do espectáculo que sua excelência
possa vir a dar. Todavia, não sei se por estar longe do seu território, se por ter
sido submetido a um olhar hipnótico que a nova doutora lhe lançou, desta vez portou-se lindamente – ainda melhor do que a irmã.
A única vantagem deste comportamento atípico para
um gato é na hora de comprar brinquedos. Existem uns ratinhos à venda presos por um
elástico a uma vareta, para que possamos brincar com eles. A nós, basta-nos
comprar um, porque enquanto que a Dalila brinca com o rato, o Sansão não
descansa enquanto não alcança o seu alvo: o fio! Fica possuído a ver o fio no
ar, e entre saltos (o que não é fácil para o gato de quase 6 quilogramas) e patadas, só pára
quando vê o fio no chão, momento em que considera a vítima como abatida.
---
Nota Final: Após escrever estes textos, normalmente vou à grande rede procurar umas imagens que ilustrem o conteúdo das minhas frases. Desta vez descobri que existe um estudo que compara o comportamento dos gatos com o dos portadores do Síndrome de Asperger. Fica aqui um vídeo que resume o livro de Kathy Hoopmann:
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