Há já algum tempo que venho a ser "pressionada" para escrever crónicas, criar um blog para, quem sabe, num momento iluminado pelas minhas estrelinhas do céu, vir a publicar algumas linhas dedilhadas em momentos de inspiração etérea. Mas não é fácil, nada fácil...
Quem me conhecer sabe que não lido sempre da melhor forma com elogios, sobretudo com os que possam de alguma forma estar relacionados com as minhas competências. Assim, confirmar que tenho alguma veia, vaso capilar ou celulazinha que seja, de cronista, é tarefa que não vejo jeitos de realizar. Sou um indivíduo dos números, das fórmulas, das coisas práticas e das linguagens rudes. Pertenço à terra, ao betão, às ferramentas e às tecnologias. As artes, as letras e as epistemologias são admiradas por mim, sem dúvida, mas com a devida distância e respeito! E perante esta panóplia de características, apenas posso reservar para mim a humildade de quem gostaria de poder dizer tudo ao mundo numa só palavra, mas que não tem as capacidades necessárias para o fazer com a necessária eloquência…
Escrever porque “tenho jeito”, não serve. Escrever sobre “qualquer coisa”, também não chega. Mas tenho de reconhecer que esta é uma actividade que me desamarra, que nestes momentos consigo a assunção quase divina da minha existência, onde me reconheço como um ser livre, individual e útil (nem que o seja única e exclusivamente para mim e durante breves minutos). Escrever significa libertação e para o conseguir fazer, tenho de ser capaz de estabelecer uma ligação única com o objecto.
E como me diz tantas vezes a minha metade boa, NHD ("Não Há Desculpas"). Quando todos os argumentos parecem querer favorecer a desistência, devemos reunir todas as nossas energias para combater essa passividade e inoperância. E resolvi tentar.
Não escrevo para ninguém, nem para mim própria, sequer. Gosto de escrever sobre as pedrinhas da rua e sobre as estrelinhas do céu, sobre a notícia e sobre o rumor, sobre tudo e sobre o nada. As palavras que vestem a minha realidade de significado e marcam com conteúdo o meu caminho são o passaporte para as viagens que faço sobre as trivialidades do meu dia-a-dia.
Não espero erudição nem contemplação sobre este blog, cujo título foi escolhido à medida, de tão bem que o caracteriza: “Arroz do Céu” é um texto de José Rodrigues Miguéis que li no início da minha adolescência, época tão importante na formação dos nossos valores, e que me marcou até aos dias de hoje. Este espaço promete ser também um pouco como aqueles respiradouros de Nova York, que recebiam as dádivas que a cidade e os seus transeuntes, sem intenção, lhes atiravam. Porque as pequenas coisas, por mais insignificantes que possam ser aos olhos de muitos, conseguem também iluminar com um raio de sol o dia sombrio de alguém, fica aqui o meu contributo!
Este blog existe graças às vidas simples e às coisas simples da vida!
Links para saber mais:
Arroz do Céu - texto de José Rodrigues Migueis
Arroz do Céu - para quem tem preguiça de ler
Dezembro 2010
Links para saber mais:
Arroz do Céu - texto de José Rodrigues Migueis
Arroz do Céu - para quem tem preguiça de ler