quinta-feira, 31 de março de 2011

A ausência é mais adversa do que a passagem do tempo

Há um dia em que acordamos de manhã e, mesmo sem entrarmos no chuveiro, levamos com um balde de água fria que nos abre os olhos e nos faz revisar todas as nossas prioridades. Este balde pode bem ser uma metáfora para uma enorme variedade de coisas, sendo que, num destes dias, em vez de me chover uns grãozinhos doces e alegres de arroz do meu Céu, abateu-se sobre o meu coração uma tonelada inteira que me feriu, me enfraqueceu e me fez reflectir sobre uma série de coisas.

A sensação de perda é um sentimento sempre inóspito e avassalador, independentemente do bem, da pessoa ou do valor espiritual do qual nos afastamos e da quantidade de vezes que passamos por essa provação. É simplesmente mau. Sendo uma distraída sem exemplo, desde tenra idade que perco de tudo um pouco: guarda-chuvas, casacos, chapéus, canetas, cachecóis, documentos, brincos, óculos de sol e tudo o que, pela sua portabilidade, seja facilmente esquecido num veículo de transporte público, numa casa de banho de um centro comercial ou num banco de uma sala de espera. Por este motivo, nunca fui uma “agarrada” aos bens materiais e fui aprendendo a lidar muitíssimo bem com o seu desaparecimento. Em contrapartida, a perda humana, seja ao nível que for, sempre foi encarada por mim como o duro disfemismo que relaciona essa ausência com praticamente tudo o que gira à minha volta. E no lugar da pessoa ou do sentimento perdido, consigo imediatamente projectar outras pessoas, outras situações e outros valores.

Por tudo isto, tenho andado ausente destas jornadas e a faltar ao meu compromisso particular de tornar a escrita numa agradável rotina. E, apesar das palavras de motivação e apoio que fui recebendo, a verdade é que esta foi uma semana de reflexão intensa.

E o que me traz cá hoje é o “brilho” interno que todos nós temos e que é, simultaneamente, inato e inconstante. Comparo este brilho à passagem da corrente eléctrica naquelas aldeias esquecidas pela urbe, onde os fios ainda dançam ao sabor do vento e da chuva. E a verdade é que, à imagem daquelas lâmpadas amareladas e queimadas pela passagem do tempo, também nós perdemos parte dessa luminosidade quando o clima se ameaça feroz.

Quando falo em "perda de luz" não estou a fazer qualquer associação às gentis marcas da passagem dos anos, das experiências e dos conhecimentos - não estou a falar das rugas, nem dos cabelos brancos e muito menos das manchas imprimidas na pele. Refiro-me sim, literalmente, ao brilho que o nosso rosto irradia! Evidentemente que existem pessoas que reservam para si próprias as emoções, mais facilmente do que outras, mas há sempre qualquer coisa que trespassa, que se percebe e que se sente, sobretudo aos olhos de quem tão bem nos conhece. Aí, eu sou completamente transparente! Não há sensação que não se consiga conhecer através da chama dos meus olhos, da tenacidade da minha voz e da expressão das minhas posturas. Mas momentos há em que esse esplendor perde força e esmorece. Há realidades que vêm ao nosso encontro que embaciam os nossos olhos, enfraquecem a nossa voz e amolecem o nosso corpo. Com esses factos sentimo-nos esmagados e apagados, mas com essas vivências (não projectadas, não prevenidas e, seguramente, não desejadas) crescemos sempre um pouco. Crescemos e morremos! Dois passos para a frente e um para trás. Faz parte... 

Mas isso pertence a uma rotina viciada e natural que temos de aceitar e com a qual temos de nos conformar, sob o risco de perdermos mais tempo a negar a confrontação e a realidade do que, propriamente, a sorver os doces momentos que a vida nos serve.  

E, para além dos acontecimentos, também as pessoas que nos rodeiam controlam a actividade da nossa boa disposição! É dessas pessoas, que sabiamente manuseiam o botão do volume do nosso brilho interno, que gosto de me fazer rodear sempre que passo por um momento mais escuro e mais frio, e são elas que funcionam como o meu antídoto pessoal, o meu termostato de estimação, e me aquecem e abrilhantam a alma!


Essas são as pessoas que me acompanham nos bons e nos maus momentos, as que me apoiam quando estou quase a escorregar e as que me dão a mão quando caio. Essas são as pessoas que me ligam quando não têm absolutamente nada para me dizer, que me convidam para comer, mesmo quando só têm pão seco e vinho azedo e que me elogiam mesmo quando não há motivo para tal gesto. Essas são as pessoas que não se congratulam pelos meus infortúnios, nem que ficam tristes quando ultrapasso um obstáculo. Essas são aquelas que não têm medo de pedir desculpa, nem vergonha de dizer obrigado. Essas pessoas são os meus amigos e são as que merecem receber no dobro aquilo que me dão, ainda que não esperem essa recompensa. 

Porque a amizade é uma conquista permanente que deve ser cultivada, ainda que por vezes o seja feito à distância, a todos os meus amigos, obrigada por existirem e por permitirem que brilhe um pouco mais sempre que estou convosco!

"A ausência é mais adversa do que a passagem do tempo" - Fernando Pessoa

quinta-feira, 17 de março de 2011

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domingo, 13 de março de 2011

Village People no festival da Eurovisão

Quando pensava que o Carnaval tinha finalmente acabado, percebi que afinal estava redondamente enganada. Fui nestes dias surpreendida por uma notícia que me deixou simplesmente atónita! Não é que a nova geração dos Village People, vulgo, Homens da Luta, vão representar Portugal nesse que é o grande ícone da reunião familiar e, simultaneamente, da música popular, isto é, no Festival Eurovisão da Canção?

Sim, esse programa que até aos anos 90 fazia parar o país e que só de ouvirmos o hino da Eurovisão, os pêlos dos braços se eriçavam. A excitação era tanta que no momento em que a Espanha nos dava, por uma questão de fraternidade geo-política, os tão merecidos (ou não) 12 pontos (o que acontecia sempre), saíamos projectados do sofá, num ímpeto de surpresa, felicidade e histerismo. E mais, mesmo sabendo que Portugal dificilmente ficaria entre os 10 primeiros classificados, ficávamos colados ao televisor (nessa altura assim designado) até ao último telefonema a anunciar a votação desse país. Bons tempos! Até jantávamos mais cedo e tudo! A primeira memória que tenho é da Dora, em 1986, com o “Não sejas mau p’ra mim, Uoóóóóó, Uoóóóóó”. Mas foram tantas as boas recordações… Os Da Vinci fizeram-me obrigar o meu pai a comprar a cassete e a pô-la a tocar indefinidamente no rádio do carro. Vieram as Dinas, as Saras Tavares, as Anabelas, as Nuchas (não necessariamente nesta ordem), sendo que a apoteose ficou a cargo da Dulce Pontes que me fez sentir por breves momentos o doce, ainda que muito subtil, sabor da vitória, tendo alcançando apenas um 8º lugar o que, segundo os letrados na matéria, foi uma excelente classificação! Pfffff… Mentalidade mesmo portuguesinha!

Mas voltando aos “Homens da Luta”, foi assim, com muita estranheza, que soube que eles participaram neste programa. Para quem conhece a dupla de humoristas Neto/Falâncio, sabe que de uma forma quase heróica se servem da sátira para criticar tudo e todos, nos locais mais inusitados e nos momentos menos oportunos. Utilizando o megafone, guarda-roupa dos anos 80, música à “Zeca-Afonso”, mensagens de intervenção e muito, mesmo muito, descaramento, foram entrando sorrateiramente nas nossas casas, conquistando uma desmesurada popularidade, fundamental para que tenham ganho o referido concurso nacional. É que os tipos têm a sua piada e é importante reconhecer o seu valor… enquanto entertainers e apenas isso! Não é fácil terminar os programas na esquadra mais próxima do local do protesto e mesmo assim sair de lá depois de dar uma série de autógrafos aos polícias de serviço, que afinal de contas também eram seus fãs incondicionais. E tenho de o dizer publicamente: SOU FÃ! Agora, no que concerne ao seu potencial festivaleiro… Só mesmo no “AVANTE!”.

Engane-se quem pensar que a organização do programa não podia ter feito alguma coisa para evitar todo o mal-estar gerado por este resultado. Na esperança de tentar encontrar um vazio no regulamento onde este grupo se tivesse encaixado confortavelmente, descobri que, afinal, se eles ali estavam foi precisamente porque alguém reconheceu neles um valor meritório capaz de justificar plenamente a sua presença na final europeia. Segundo o seu art.º 16º “Depois de recebidas todas as candidaturas, a RTP nomeará um júri composto por três elementos de reconhecido mérito na área da música que irá avaliar as propostas e escolher entre 20 e 24 canções que serão colocadas no site www.rtp.pt para votação online do dia 20 ao dia 27 de Janeiro (até às 24 horas).”. Pois bem, caríssimos, o júri de “reconhecido mérito” muito provavelmente seria fã do “quiriquiriquiriquiriqui” e acharia tanta piada aos rapazes que considerou que o melhor será mesmo fazer também do nosso país uma grande anedota.

Até consigo conceber que a nossa representação em Düsseldorf celebre a vitória em Portugal com uma garrafa de cerveja na mão, ignorando as exuberantes apresentadoras de televisão, com os seus vestidinhos e penteados de gala, agindo como se se tratasse de mais um “Vai Tudo Abaixo” e trocando “piropos” com as pessoas que os vaiaram no momento do anúncio da sua vitória. Mas aquilo que me custa mesmo a digerir, é que estes elementos não tenham noção absolutamente nenhuma de ritmo, musicalidade e afinação. É certo que este festival nos tem acostumado a padrões progressivamente insatisfatórios e, volta e meia, lá vão aparecendo umas “personagens” bestiais, mas não é preciso bater com tanta força com a cabeça no fundo de um poço cheio de vermes, água contaminada com coliformes fecais e um cheiro nauseabundo de podridão (ok, agora entusiasmei-me e deixei-me levar, mas quando aparece a luzinha branca….)! O que supostamente teria começado como mais uma brincadeira camuflada de grito subversivo, que jamais seria levada a sério por quem quer que fosse, atingiu na verdade as proporções permitidas única e exclusivamente pelas altas patentes da organização do concurso, que atribuiu aos portugueses 50% da responsabilidade no acto da decisão do vencedor. Então, meus amigos? Não seria logo de esperar que uma situação como esta fosse acontecer? Onde está a surpresa? A minha foi apenas ao saber que tinham conseguido concorrer, porque o mais espectável seria, no seguimento da actual conjuntura, aparvalhar toda esta situação e eleger os ilustres camaradas para representar esta “geração à rasca, pá”.

E com isto conseguimos reforçar ainda mais a imagem  já consolidada que os outros povos têm dos portugueses: 40 anos atrasados no seu tempo, parolos e que "falam, falam, falam, mas ninguém os vê a fazer nada". Não se indignem, por isso, todos os quantos apenas vêm portugueses nos filmes "estrangeiros" representando personagens de mulheres gordas com bigode, operários da construção civil, analfabetos, contrabandistas, corrruptos e anarquistas - retrato ultra-impressionista legado por esta pandilha (onde aparecem apenas seis exemplares porque o regulamento é muito rígido a esses respeito).

Deixo aqui o registo do anúncio do vencedor, da respectiva reacção quer dos "Homens da Luta", quer da plateia, e da música que tornará o "Festival da Canção 2011", como provavelmente o mais memorável! 




E como diz um grande amigo meu, há tanto tempo que andamos a tentar ser expulsos do festival, que pode ser que consigamos, finalmente, ver agora todos os nossos esforços recompensados!

terça-feira, 8 de março de 2011

Matumbina dispois di um dia di sol na praia dos Carcavelo

Hoje estou aqui para eternizar um momento que já não acontecia há quase 10 anos. 

Não tenho por hábito (querer) vestir uma personagem que não a minha, mas tenho que confessar que, secretamente, todos os anos penso em como seria engraçado e simultaneamente rejuvenescedor, por breves horas que fossem, despir a minha rotina e fingir ser uma pessoa completamente diferente. Não teria de vestir a pele de uma rainha, de uma guerreira, nem tão pouco de uma religiosa. Também não procuraria a fama, nem o reconhecimento, nem mesmo a riqueza. Nada disso. Gostaria apenas de ser, por um dia, diferente! Por isso mesmo decidi fantasiar-me este Carnaval.

A escolha da indumentária foi um processo difícil. Sem qualquer ideia e à bom português, deixei para o último momento a aquisição da personagem. Gostava muito de me mascarar de recibo verde, mas nunca tive muito jeito para os trabalhos manuais, por isso decidimos optar por um disfarce igual para todos. Porém, encontrar o macacão revelou-se numa tarefa impossível para mim, pelo que a fantasia de mineiro chileno ficou de lado. Decidi então ir a uma daquelas megalojas asiáticas que vendem de tudo a preços baixíssimos (ostentando um nome português para disfarçar a origem e evitar o preconceito). E quando digo “de tudo”, quero mesmo dizer “de tudo”: entre flores artificiais, candeeiros, champôs, brinquedos, velas perfumadas, batatas fritas e casacos de pele, encontrei uma secção completamente dedicada à causa carnavalesca. Só teria de optar entre comprar a fatiota completa ou levar os adereços combinados por mim. Como seria de esperar, pelo adiantar da hora e pelos preços praticados, só havia tamanhos XXS disponíveis. Além disso, uma polícia de mini-saia, uma odalisca coberta com lenços transparentes ou uma freira a exibir uma liga de renda encarnada não se compadeciam com os meus objectivos de “gaija digna”, nem com as temperaturas que se esperavam. Então passei à combinação de várias peças.

Pode-se dizer que estava lá instalada a autêntica “Casa dos Horrores”. Máscaras com cabelo verdadeiramente assombrosas não faltavam, assim como membros decepados, facas com simulação de sangue ainda a escorrer, insectos de plástico, dentaduras de vampiro e feridas falsas. Mas o que mais me impressionou nesta exibição de artigos, que mais pareciam ser para a noite das Bruxas, foi a homenagem ao defunto Michael Jackson. Mesmo ao lado do Frankenstein estavam duas filas de máscaras daquele que foi o “Rei da Pop”. Um pouco mais à frente e junto a uns pés podres estavam perucas iguais aos vários penteados que a estrela usou ao longo da sua carreira. Mas esta fixação mórbida não ficou por aqui. Óculos de sol, luvas, chapéus e fatos completos em vários modelos, tamanhos e cores (é preciso dizer que o mais caro que vi pertencia à vedeta finada). Não sei se este fenómeno é recorrente de anos anteriores, mas fiquei absolutamente maravilhada com o fascínio que este senhor desperta nas pessoas numa altura destas! Terá alguma coisa que ver com o videoclip "Thriller"?

Mas voltando aos disfarces, como estas máscaras são insuportavelmente quentes e como mal se respira ali dentro, tive de pôr toda a devoção (?!) por este senhor de lado e lá levei só uma carapinha preta (que agora que penso nisso podia bem ser daquele cantor, mas na altura dos Jackson 5) e mais 2 ou 3 acessórios que não deixassem este dia "em branco", por menos de 8€. Que fartote!

De volta a casa e na busca de uma inspiração divina, fui ver os meus e-mails. E é então que as minhas vistinhas dão de caras com esta aparição, esta dádiva da natureza. Sem mais demora, depois de umas pecitas de roupa adequadas à figura que pretendia imitar e de meio quilo de maquilhagem para afugentar este meu tom de pele mais adequado a uma personagem da Família Adams, lá fomos todos para a festa. Mas é importante realçar que esta produção só esteve em exibição total algumas vezes porque na loja não vendiam “coragem” nem “atrevimento”. De maneira que “No Carnaval ninguém leva a mal” mas a minha máscara não estava assim tão irreconhecível ao ponto de poder ser uma “Matumbina-dispois-di-um-dia-di-sol-na-praia-dos-Carcavelo” durante uma noite inteira e à vista de qualquer um. Só foi pena ter posto tanto creme auto-bronzeador no corpo e de não ter chegado para a cara e para as mãos, porque de resto, a Matumbina até nem estava nada mal! E o pormenor da sobrancelha à Frida Kahlo, hein? Para mim foi o toque de charme final, não acham?

Quer dizer… Não podem achar nada porque não estiveram lá, não é? Esta fotografia? Qual fotografia? :S Ora… Esta fotografia… Obviamente que não é minha… Hummm… Foi uma rapariga que passou por mim e… como achei engraçada, captei em momento Kodak. Então havia lá de ser eu nesta foto… Que disparate! Ia mesmo expor-me desta maneira, não? :S

Mas gostei muito desta noite, sim senhora! Entre os disfarces que passaram por mim e que mais me chamaram a atenção, destaco aqui as personagens da “Alice no País das Maravilhas”, com maquilhagens dignas dos filmes do Tim Burton. Assim é que eu gostava de passar o Carnaval e tenho a certeza que não ia haver vergonha nenhuma que se apossasse de mim nessa noite. Também gostei muito de um Shrek que vi logo no início da noite, com uma produção fantástica, de um exército de romanos que mais parecia terem ido roubar o guarda-roupa a um museu e, claro, do meu quarteto fantástico matumbinó-tiburciano e dos meus amigos mineiros chilenos (que passaram um mau bocado quando uma transeunte chilena se cruzou nos seus caminhos e reconheceu a bandeira que traziam às costas, qual capa de um super-heroi, sobre o macacão, o arnês, o filtro e o capacete, sem esquecer a lanterna). Para trás ficaram os conjuntos de cartas e de dominós, as chinesas e as indianas, as loiras burras e os burros loiros, os travestis assumidos e os “machos” que aguardaram ansiosamente por este dia para trazerem à tona a mulher que têm dentro de si. E o auge da festarola surgiu quando a rua foi invadida por uma corrente de tambores, megafones, tubas e trombones e por uma enchente de gente infectada por uma alegria contagiante a dançar, a cantar, a pular e a arrastar consigo mais povo, e mais alegria e mais Carnaval. 

É pena a idade não dar para mais e para ter visto mais coisas e para contar aqui tudo isso porque, como a minha metade boa disse, havia muito tempo que não me via assim tão entusiasmada! 


domingo, 6 de março de 2011

Dúvida existencial da semana - A sopa

Porque é que sempre que perguntamos "De que é a sopa?" nos respondem "A sopa é de legumes"? E, pior, porque é que, sabendo de antemão a resposta, insistimos em pôr a mesma questão? É que nunca nos vão dizer que é sopa de repolho, de agriões, de nabiças ou de espinafres, por isso é escusado... Não é uma pergunta retórica. É que gostava mesmo de saber. O senhor Andy Warhol, se fosse vivo e vivesse nesta terrinha, também havia de ter muita comichão com esta questão...


quarta-feira, 2 de março de 2011

Crónica de uma lombalgia anunciada - Parte II

Hoje estou aqui a dirigir-me directamente (passe o pleonasmo) aos meus amigos que visitaram este blog nos últimos dias. 

Antes de mais, a quem não tenha compreendido, o episódio da última "pseudo-crónica" relatava um acontecimento passado há muuuuuuito tempo e não o presente. Por outro lado, tenho muita fé que seja um episódio único, limitado, sem qualquer sequela (é preciso reforçar). Finalmente, e o mais importante de tudo, tenho que agradecer a todos os que, por SMS, e-mail, telefone ou pessoalmente, me transmitiram uma palavra de carinho e apoio pelos momentos de tortura. Por isso, caríssimos, tenho a dizer-vos MUITO OBRIGADA! E quanto às dores nas costas, não é nada a que não esteja habituada. Uns diazitos azuis e bem quentinhos e estou como nova!

Além disso, prometi não ceder às hipocondríases, pelo que o último post se transformou na verdadeira overdose de objectivos não cumpridos. Assim sendo, vou rematar a história de uma forma mais ou menos eufemista e amenizada, que garanta que mais ninguém sofra horrores com essa angústica passada.

9:45 - Saí de casa com um objectivo traçado, capaz de me dar todo o ânimo necessário para enfrentar as "minúsculas e insignificantes" adversidades que viriam a atravessar o meu caminho (buracos na estrada, indicações mal dadas para o parque de estacionamento, 15 minutos numa fila para um balcão que não o das urgências, mostrar as pernas com a "piquena penuge" a 5 pessoas diferentes, etc.).

11:30 - Saí do hospital com as 3 intramusculares a circular e, cheia de vontade (?!) voltei ao trabalho.

Passados 8 dias, com o rabo transformado no fundo de um passe-vite e todo sarapintado por pisadelas, fruto da vastíssima experiência do enfermeiro estagiário, voltei a ver o céu azul a brilhar! Mais umas semanitas, com o calor no seu nível de máximo conforto e pensei "Dores de costas? Quais dores de costas?"

Mas vamos lá ver a coisa pelo seu lado positivo. Provavelmente (?!) exagerei um pouco no hiper-realismo das minhas palavras, capazes de transmitir fotograficamente o que senti naquele dia. E isto pode significar que, quando se acabarem as obras em Portugal e arredores, terei o meu futuro assegurado como relatadora desportiva, comentadora do trânsito rodoviário ou crítica de noticias cor-de-rosa choque. Quem sabe?

Uma vez mais, obrigada a todos pela dedicação.