terça-feira, 17 de abril de 2012

TRX - Treino, Riso e "Xuspensão"

Hoje estou aqui para contar a história do dia em que fui atropelada por uma nave espacial e por uma tempestade de meteoritos.

Não me consigo recordar de quem me disse que a aula de TRX era muito "potente", mas uma coisa posso vos garantir: "potência" é coisa que não falta lá (note-se que esta grandeza é função da quantidade de energia gasta por unidade de tempo e eu derreti os meus músculos todos com tanto Joule)! O TRX, que significa treino em suspensão, utiliza unicamente o peso do nosso corpo (aqui eu ganho aos pontos muito boa gente esforçada, e magra, que lá anda). Deixo um vídeo para perceberem bem a excelente aplicabilidade do termo à modalidade.


Não se deixem enganar pela criancinha e pelas senhoras a entrar na meia idade que aqui aparecem, porque isto é mesmo um treino no demo!

Eu e uma amiga estreante no ginásio (a valente), face à hora e à sobre-ocupação das máquinas, decidimos que havíamos de experimentar aquela aula. Para não enfrentarmos o inimigo de olhos vendados resolvi, numa primeira fase, fazer prospecção do terreno e espreitar para ver se as pessoas que estavam à espera da aula eram todas homens, todas musculadas e todas com aquele ar alucinado de quem não está ali para passar o tempo (como nós). A amostra era bastante diversificada e animadora. Numa segunda fase perguntei a uma rapariga se aquilo era muito violento/agressivo, ao que ela me respondeu que era pacífico porque seríamos nós a impôr o nosso "grau" de dificuldade - só percebi lá dentro que tinha escolhido muito bem a quem fazer a pergunta e que ela já era "pós-graduada" nestas andanças. E como pelo meio da resposta dela surgiram as palavras "abdominais" e "braços" (que são músculos praticamente inexistentes que carecem rápida e desesperadamente de muito trabalho) fiquei convencida!

Lá entramos. Nunca cumpri serviço militar (muito embora tenha andado na praxe de engenharia, o que é praticamente a mesma coisa), mas tenho a certeza absoluta que as sessões de GAM (Ginástica Até à Morte) não deviam ser muito mais "potentes" do que estas! Fiquei estourada, mas a coisa ainda não tinha chegado ao cume e só me apercebi disso quando o professor disse: "Agora que acabámos o aquecimento, vamos passar ao primeiro grupo muscular". O QUÊ???? Aquilo era só o aquecimento? Bonito...

Já o professor tinha explicado o exercício e ainda andava eu às aranhas para conseguir regular as fitas ou enfiá-las em condições nas mãos. E depois, quando finalmente conseguia isso, como não tinha ouvido a explicação, fazia tudo mal, para além de que, para conseguir a tensão necessária nas fitas, tinha quase que entrar pela parede dentro e, como isso não era possível, ficava lá às rodas até conseguir encontrar uma posição em que não fosse dar marretadas na minha amiga (que estava ao meu lado), nem ficar com o rabiosque na cara de um colega desconhecido... E foi então que todo o meu estado de compenetração e entrega pereceu!

Ah! Esqueci-me de dizer que tinha andado o dia todo cheia de sono, e, como já eram 17h e ainda continuava nesse estado de dormência total e absoluta, resolvi tomar o meu 3º café dos últimos 3 anos. Meninas/os! Não sei se foi o café, se foi o sono, mas deu-me semelhante ataque de riso lá dentro que cheguei a pensar que o café estava "dopado". Ainda por cima o professor tinha um ar super profissional e não se vislumbrava qualquer ponta de palhaçada, não sendo fácil camuflar este meu ataque. E se os meus lânguidos bracinhos já não tinham força nenhuma, a rir-me como uma bêbada é que a coisa não ia mudar de figura. Tive que fazer um esforço colossal para pensar noutras coisas e não me desfazer em lágrimas de riso. Comecei a entrar em desespero com tanta gargalhada oprimida e cheguei mesmo a ponderar abandonar a aula. Valeu-me a companhia porque eu não podia ficar assim tão mal vista logo na primeira vez... Enfim... 

E se já estava a ser difícil executar correctamente os exercícios com as mãos, imagine-se agora com os pés! E para complicar ainda mais, completamente suspensa, com flexões ao barulho, com o corpo de lado, e depois de pé novamente, e tudo em 3 segundos, e várias vezes seguidas, numa rotina digna de ser apresentada num circo, só que sem rede por baixo. Pffffffffffffffffffff... Os meus músculos começaram a deitar fumo!!!! Escusado será dizer que das duas séries de 15 que foram feitas, eu fiz uma única vez porque foi aí que não me consegui conter mais e me entreguei ao riso audível e despojado, face às figurinhas que me estava a ver fazer. E fiquei ali de pé, especada, a ver se me passava... E não passou! 

A única coisa que me conseguia controlar era a antevisão das consequências resultantes desta sobreprodução de ácido láctico. Mas logo a seguir a minha amiga saía-se com um "Amanhã nem sequer vou conseguir escrever. O teu carro liga-se com botão, ou vais ter que ir à boleia?" e retomava a histeria!

Finalmente ouvimos as palavrinhas mágicas do nosso mestre "Vamos fazer os alongamentos, agora", sinal de que o nosso suplício via, finalmente, a luz no fim do túnel e que ia voltar a ter os pés permanentemente assentes no chão, terminando com aquele estado de "Xuspensão". Ao sair da aula percebemos, imediatamente, que tínhamos adquirido um novo andar e que não apenas os braços, mas todos os grupos musculares estavam em overdose com tanta "potência". A minha amiga ficou motivadíssima para o ginásio e para estas aulas, ainda que não tenha sido capaz de preencher sozinha a ficha de inscrição por falta de força nas mãos (está até com receio que o banco rejeite o pedido de débito directo uma vez que a sua assinatura  ficou totalmente diferente). Depois da aula ainda fui tentar fazer um pouco de treino cardiovascular, ausente naquela modalidade militar, mas ao cabo de 15 minutos "atirei a toalha ao chão" e não a tornei a apanhar! Pontos positivos: afinal tenho músculos, dado que tenho dores em sítios que nem imaginava ser possível; nada poderá ser pior do que isto, pelo que, se sobrevivi a esta, posso experimentar TODAS as aulas do ginásio!

Pela primeira vez desde que fui na minha caminhada de fé que não me sentia tão cansada e adormeci sem ter tempo, sequer, para me aperceber que tinha sono.

Normalmente demoro cerca de 24h para ter dores musculares, o que não aconteceu, seguramente, desta vez. Não precisei de boleia porque consegui ligar o carro, mesmo não tendo o dito botão, mas isto promete complicar com a passagem do tempo. Uma coisa é certa: o 4º café do triénio já cá canta para conseguir aguentar. Só espero que não me dê outro ataquinho como o de ontem! Mas também estou certa de que não tenho força, nem energia para outro com tamanha "potência"!!!

Para a semana, à mesma hora, lá estarei, com o único propósito de desafiar as minhas limitações (é que além de desequilibrada, descobri que sou masoquista). E depois, já se sabe...

Como fico, efectivamente, no dia seguinte!!!


Como eu penso que vou ficar...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mom to be - Parte I

(Caaaaaalma! Antes de começar, nada de ideias, porque não sou eu, ok? )

Li uma vez num livro que, de há uns tempos a esta parte, anda aí um "vírus" que se manifesta através de deformações físicas, alterações comportamentais e desenvolvimento de um hospedeiro no interior de mulheres com idades compreendidas entre os 13 e os 40 anos - por isso, cuidado meninas, porque aviso já que se nos pusermos a jeito ainda nos apanha! Ao que parece, existem várias formas de enfrentar o agente infeccioso. Contudo, não estamos livres dele nos bater à porta porque, segundo os especialistas, mesmo que não estejamos "infectadas", podemos ser portadoras de um síndrome que se revela através de um desejo incontrolável em apanhar esta "virose", especialmente entre os 30 e os 35 anos. E bate certo porque a verdade é que anda tudo a pensar no mesmo: bebés! Uma coisa leva à outra e desde o início do ano que já conto mais 8 grávidas (para além das que eu já sabia que tinham entrado em 2012 com o chamado “pipo cheio”). Há também uma boa brigada de gente a treinar, a fazer o aquecimento, ou simplesmente a pensar mais seriamente no assunto.

Mais particularmente, há aquelas que ficam caladinhas que nem ratos, na esperança vã que ninguém desvende este seu segredo antes do 1º trimestre de gravidez, para não agoirar o negócio. Mas quem já passou por isso, ou viu muita gente passar, consegue facilmente decifrar nos pequenos sinais que existe um feijãozinho algures entre as “joias” do papá e o “forninho” da mamã. E eu fico encantada a ver essas desculpas andrajosas, esses comportamentos desajeitados e essas exteriorizações de felicidade oprimidas, porque são indícios de que vem aí mais um(a) sobrinho(a).
Baby SmileysSe repararmos bem, a coisa anda, sobretudo, à volta da comida. Por isso, um pouco mais de atenção às refeições poderá ser o suficiente para apanharmos em flagrante uma “criminosa”. Atente-se, desta forma, ao seguinte menu.

Enchidos
 “Quero uma tosta mista sem fiambre, por favor”
 “Adoro presunto, mas… estou de dieta… de carne de porco crua!”
Mariscos

“Arroz de marisco? Que pena… Comi ao almoço. Eu como só o arroz, não faz mal. É por causa do colesterol…”
Ovos Crús

“Mousse de chocolate é a minha sobremesa preferida, a par da baba de camelo. Mas comi muito ao jantar, obrigada!”
Combinações estranhas

“Apetecia-me mesmo batatas fritas com molho de soja e gelado de iogurte grego de manga para o pequeno almoço...”
Bebidas

"Quem disse que brindar com água dá azar... Disparates!"
Baby SmileysE se falamos de comidas temos, obrigatoriamente, de falar nos movimentos expulsivos que tornam a pô-la outra vez toda cá fora.

Enjoos

“Estou um bocado indisposta. Foi da viagem… Muitas curvas apertadas (na autoestrada).”
“Cheira-me imenso ao cimento das obras que estão a fazer no quarteirão ao lado deste? Acho que vou vomitar…”

Baby SmileysDepois há também aquelas que, por não serem imunes a algumas doenças, evitam o contacto com animais e plantas.

Gatos

“Onde é o jantar? Em tua casa? Ah!... Ainda tens gatinhos? Olha, lembrei-me agora! Podíamos antes ir jantar fora… Para não te sujar a casa.”
Fruta

“Onde está o teu galheteiro? Gosto sempre de lavar as maçãs com vinagre porque ficam muito mais saborosas.” 
Saladas

“Deixei de comer salada porque... ora... porque me fazia o cabelo espigado..."
Baby SmileysE se falamos em doenças temos, forçosamente, de falar de medicamentos e de métodos de diagnóstico mais… evasivos!

Medicamentos

“Não quero um comprimido para as dores de cabeça. Estou a fazer um teste à minha resistência à dor!”
"Estes comprimidos que ando sempre a tomar? São vitaminas porque ando muito cansada."
“Ir ao hospital fazer uma radiografia? Não é preciso... O osso vai ao sítio sozinho! Eu ponho uma pomadinha e faço uma massagem!”
Baby SmileysHá também aquelas pequenas pistas, apenas sensíveis à comunidade feminina, que revelam que pode existir uma surpresa dentro do ovo.

Estética

“O cabelo castanho com raízes brancas está na moda este ano.” ou “O cabelo loiro, com raízes castanhas é a nova tendência nos Estados Unidos.”
“Borbulhas na cara? Hummm... Mudei de creme, é isso!” 
“Deixei de pintar as unhas porque estavam a ficar muito amarelas”
"Gosto muito de usar cachecol, mesmo quando estão 28ºC"
"Sim... Estou mais gordinha... E já se sabe... Vai sempre parar à barriga..." 
Baby SmileysFinalmente, a larga experiência de "tia" permitiu-me concluir ainda que os desiquilíbrios hormonais, representados por comportamentos anormais, são indicativos também de que a cegonha já fez check-in

Hormonas

"Claro que não podes ir ver um jogo de futebol, nem podes ir jogar futebol, nem podes ver futebol na televisão, nem sequer podes jogar futebol na playstation. Estou muito carente e só tenho estado contigo 23h por dia!"
"Estou cheia de sono. E esta noite só dormi 10h!” 
“Não percebes porque é que estou a chorar? "Então não vês que aquele botão de rosa abriu hoje? Eu é que não percebo como podes ser tão insensível…!” 

Perante isto tudo, minhas amigas, só posso dizer: não pensem que me enganam!!! E quanto a mim...



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Chuvinha de Molha-Tolos

E depois de 3 meses sem chover, depois de andar a adiar semana, após semana, a lavagem digna numa área de serviço, e depois de deixar 600 pontos do meu querido cartão cor-de-rosa do combustível, eis que a minha concentração profissional, tranformada num quase hipnótico transe, é interrompida. Primeiro, suavemente, um “pic… pic… pic… pic… pic….”, depois um continuado “fffffffffff”,  a que se seguiu um mais intenso “xxxxxxxxxxx”, culminando no apoteótico “CABUUUUUUM”. Eu sei que estamos a viver a pior seca dos últimos 30 anos, que o cenário é horrível para os agricultores e que meio Portugal estava bom para fazer um churrasquinho, mas… TINHA QUE CHOVER PRECISAMENTE NO DIA EM QUE RESOLVI LAVAR O CARRO?

Correcção: A única coisa pior do que chover depois de lavar o carro é chover depois de sair do cabeleireiro, com o cabelo esticadinho com prancha, sem guarda-chuva, para o jantar anual de faculdade!!!


É tradição na minha família lavar a "biatura" nas épocas festivas. Eu só o faço mesmo nessas alturas, de modo que estava num estado, digamos... camuflado. Isso! Camuflado! Por isso resolvi dar-lhe uma banhoca para me recordar da sua cor original e para poder "beijar o senhor" de consciência limpa, à semelhança do meu carro - na verdade, só o fiz porque o maridão ia conduzi-lo e ia passar a viagem toda a moer-me a paciência por causa da falta de brio que eu teimo em nutrir por todos os automóveis que guio.. E acontece-me isto! Eu não digo que sou predestinadinha para o azar? E ainda por cima se fosse chuva a sério... Mas não! É só daquela que me vai por o "beículo" pior do que ele já estava e os nervos todos encarquilhados... 

Para compor o ramalhete, ontem gastei meio reservatório municipal de água a reguar as plantas do terraço, a minha santa mãe andou a limpar os vidros TODOS lá de casa e aproveitei para lavar uns cobertores que estão a secar ao ar livre!!! 

Grrrrrrrr...

Vou afundar as mágoas em amêndoas.

A propósito, boa Páscoa!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Fizeram reset à minha Dalila

Tudo começou há quinze dias, num belo Sábado, com a visita da minha prezada amiga Xana. Quando lhe abri a porta com o aspirador numa mão e a esfregona na outra, informei-a que estava na época de saldos e que a bicharada tinha resolvido mudar a roupagem, de maneira que aqui a escrava exaurida estava prestes a chegar à betonilha de tanto aspirar, “swiffar” e “esfregonar” pêlos de gato. Conversa vai, conversa vem, e num instante estava gabar as minhas feras porque, ainda que fossem gigantes destruidores de sofás e de cortinas, nunca tinham vomitado bolas de pêlo. Predestinadinha para o azar como eu sou, não tardou muito até encontrar uma vomitadela recheada de biscoito em pleno tapete do quarto! E sem ter tempo para recuperar do choque, fui à cozinha buscar o arsenal de desinfecção e dei de caras com um líquido esbranquiçado, no meio da sala. Daí a nada, pequenas poças de bílis reproduziam-se no meu palácio. De modo que lá andava eu, de nariz no ar e de olho pregado ao chão, em busca de vestígios de fluídos estomacais e do causador desta tempestade digestiva! E eis que o meu ouvido detecta um guincho abafado e interrompido por libertações involuntárias do enfermo. Resolvi dar tempo ao felino para ver se lhe passava a indisposição, mas sendo que o bichano é a minha sombra lá em casa e notando que fazia tudo para manter a máxima distância de mim, concluí que algo se passava e que não seria nada de bom. E foi quando dei com ele a dormir na estante mais alta lá de casa, na cave escura e fria, que pensei que o pobre animal tinha escolhido ir morrer longe, e aí fiquei realmente preocupada.

Como a coisa não estava para melhoras, 2ª feira à hora do almoço lá fui eu, avenida abaixo, com uma transportadora debaixo do braço (que é como quem diz, a parar de trinta em trinta segundos para mudar de mão, que o Sansão pesava 5,650 Kg), e entre “miaus” sofridos lá o levei à doutora a quem ele não bufa - e a quem, mais uma vez, não bufou, nem com o termómetro metido no dito cujo! Mexe daqui, mexe dali e o diagnóstico parecia inconclusivo. Mas a panóplia de sintomas revelavam que, o que quer que fosse, seria o suficiente para o meu querido autista ficar lá durante o dia. Vómitos, temperatura muito baixa, perda acentuada de peso, desidratação e falta de apetite para algo que teria surgido há menos de dois dias, condenavam agora a pobre criatura àquilo que ela mais temia: distância de casa, proximidade a estranhos, contacto com cães e assistir a este inferno aos quadradinhos (enjaulado)! Todo ele era caspa e pêlo no ar com o stress, mas lá teve de ficar, não por umas horas, mas por dois dias. 


Controlando-me para não ligar para lá de hora em hora para saber novidades, lá me fui aguentando até 3ª Feira ao final do dia, momento em que trouxe o Sansão com meia perna depilada, por causa das “picas”, para o pé da sua irmã espevitada, amigável, social e.... cujo cérebro fez shut down durante a sua ausência! Ao contrário do que seria de esperar, o seu regresso não foi acompanhado de lambidelas nem “miaus” saudosos, mas sim de “Grrrrrr”, “Fffffffffff” e “Miiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaauuuuu-se-não-desapareces-da-minha-vista-espeto-te-com-uma-unharra”. A minha alma estava parva... À semelhança da Dalila! A pobre criatura, autistade genoma, bem que procurava incansavelmente a irmã, mas bastava à outra que se apercebesse apenas que o irmão estava a olhar para ela, para lhe saltar um olhar fulminante e mais 10 segundos de palavrões felinos! Já não bastava ao bicho não comer, nem dar uso ao intestino, como agora estaria condenado a viver na solidão e no medo. 


E então tive que os separar pela primeira vez, em casa – a Dalila ficou do lado da sala e o Sansão ficou do lado dos quartos e das casas de banho. Não sei se pela tristeza, se por outro motivo mais bizarro e inexplicável, nessa noite o intestino do meu rapaz funcionou! Ainda pensei que fosse algum problema de canalização, mas os sinais deixados dentro das duas sanitas não deixaram margem para erros: o autismo do meu gato revelava novas formas de expressão!!!

Entretanto levei ambos para a clínica, dado que, a páginas tantas começaram os dois a vomitar, e começava a parecer aquelas mães desesperadas com gémeos, que pintam as unhas ao filho doente, porque estão fartas de inserir supositórios e não vêm meio da febre baixar… Voltaram para casa no mesmo dia, aparentemente bem.

“Aparentemente”, disse, porque as visitas à doutora não se findaram aqui. Mas finalmente, depois de 4 dias de internamento, outra série de análises, soro, uma ecografia, alimentação por sonda, e mais meia perna depilada, fui buscar o meu Sansão definitivamente (até ver) ! Quando cheguei, a veterinária disse-me que ninguém lhe conseguia tocar e que até ao meu marido, que o tinha ido visitar na véspera, ele tinha rejeitado e mostrado a sua fúria. E então eu cheguei, e então eu aproximei-me dele, e então ele enroscou-se nos meus dedos e no meu pescoço, começando a ronronar… E então o amor de filho é uma coisa muito linda! (É nesta altura que quem não tem gatos costuma ficar farto desta lamechice e interrompe a leitura, por isso estejam à vontade, que eu não levo a mal).

Escusado será dizer que aquele aroma que fazia a Dalila ficar “piradona”, foi intensificado por esta estadia prolongada ao pé de vários cães, de modo que a gata ficou absolutamente descontrolada e foi então que a minha casa virou palco de uma cena de ódio, discórdia e quase sangue, que me levou a separá-los durante algum tempo. O Sansão ainda estremece se sentir a irmã porque ficou traumatizado com o mau feitio que a tem assistido desde que regressara, mas não desiste de a procurar, de estabelecer contacto e de a reconquistar! A cada tentativa falhada, segue-se um gemido chorado, o que é muito triste, vindo de um animal que nunca mia (a não ser quando vê fiambre).

E como se não fosse suficiente, a fera rebelou-se também contra nós. Lembram-se de ter dito que “a minha gata virou um pingo de mel que nem virada do avesso, pendurada pelo rabo ou perseguida durante horas pelos miúdos, é capaz de morder quem a está a apoquentar”? Esqueçam isso tudo… Estava pior do que quando chegou a minha casa com 400g de pêlo e osso!!!


A parte boa? Ao mesmo tempo que fizeram reset à minha Dalila, fizeram uma lavagem cerebral ao meu Sansão (que mais parece ter trocado de cérebro com a irmã) e agora está mais meigo do que nunca! Todo ele é mimo e meiguice. Mas gosto deste novo Sansão! A ver vamos se quando lhe passar o faniquinho à Dalila ele não volta a transformar-se no meu gato autista