segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Que calor esquisito!

Está um calor esquisito, sim senhor! Não é todos os Verões que temos o privilégio de vestir as últimas tendências de moda de manga comprida e de esconder as proeminências abdominais com blazers, casacos e écharpes. Dizem os tablóides que é o Verão mais frio dos últimos 27 anos, o que tem sido verdadeiramente deprimente para os turistas e catastrófico para os comerciantes e empresários de turismo. Parece que a meteorologia estabeleceu uma qualquer coligação com a crise e tanto frio, tanto vento e tanta roupa a tapar a pele de galinha está a conseguir extorquir aquilo que de melhor o nosso país tem (a seguir às Tripas à moda do Porto, prato que, aliás, se come muitíssimo bem nesta altura fresquinha do ano, pelo menos neste) e as únicas coisas capazes de nos fazer esquecer as dificuldades financeiras que atravessamos - o Sol e o calor. Ora, curiosamente ou não, há precisamente 27 anos estávamos sob o domínio do último reinado de d'El Rei D. FMI em Portugal (antecessor da Raínha D. Troika) e das suas glaciais resoluções. Tenho cá para mim que é possível fazer adivinhação "meteorológico-económica"... Ou quererá isto dizer que já devemos a tanta gente que nos esquecemos de pagar ao São Pedro? 

E aquela velha máxima do grande poeta e filósofo minhoto Joaquim de Magalhães Fernandes Barreiros "Qual é o melhor dia para casar, sem sofrer nenhum desgosto? É o 31 de Julho, porque a seguir entra Agosto". Este ano nem com gosto, nem sem gosto: a Primavera insegura deu lugar a um Outono implacável. Mas engane-se quem pensar que isso desmoraliza todos os portugueses, impedindo-os de ir à praia. Ainda que tenha ligado o "mija-mija-limpa-pinguinhas" no caminho e que vá completamente artilhado de guarda-sol, pára-vento, barraca, cobertor e uns pauzinhos de lenha - não vá o frio apertar a sério - eis que aparece o Zé Tuga às 8h da matina com a sua Maria a "acartar" com esta tralha toda, mais o garrafão e o tacho de arroz de frango. "Vencido, mas não rendido" exalta ele num silêncio comedido pelo bater do dente, fazendo este exercício de mentalização enquanto tira a toalha de praia para aquecer corpo e alma.

E por falar em calor, tenho a recordação, cunhada a altas temperaturas na minha memória, de estar a estudar para os exames, em Julho, de chinelos de praia, calções e camisola de alças, como quem vai para a praia - sem o poder fazer. E a indumentária mantinha-se mesmo que tivesse que ir tirar dúvidas com algum professor - é que o calor não se aguentava e não havia lugar a dress codes adequados! Como queria eu ter um Sábado que fosse para me estender ao comprido a fazer fotossíntese - Deus dá nozes a quem não tem dentes... Ao invés, este ano já fui comprar umas malhas de meia-estação que me mantenha os pulsos bem quentes e assim evitar uma ruptura de ligamentos ao escrever no computador. Só arrumei a roupa de Inverno este fim-de-semana, porque começava a ficar deprimida ao olhar para os camisolões e perceber o quanto os queria vestir sempre que ia à varanda estender roupa lavada... Consegui comer no terraço duas vezes e, numa delas, tive que vestir um polar para me conseguir aguentar. Acho mesmo que a única vez que utilizei o ar-condicionado desde Maio foi hoje, porque alguém deixou a janela aberta no fim-de-semana e estava um frio que não se aguentava, de modo que tive de aquecer a sala! E dou por mim, pesarosa e nostálgica, a pensar no quão bom era à noite ter de sair de casa porque não se suportava o calor, só sendo possível amenizar este sofrimento com um geladinho na Foz...

Notícia de última hora: no primeiro dia de Agosto o trânsito para o Algarve está caótico, apresentando-se algumas estradas de acesso cortadas. Novidade? O motivo são as rajadas de vento fortíssimas e a chuva intensa.

Enfim: está um calor esquisito!


Fica aqui um "miminho" para fazer recordar outros Verões.



E para gostos "menos ecléticos"... ;)